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"Por favor, leia devagar." (Ferreira Gullar)

23 agosto, 2005

Bom malandro

Quem se lembra do desmemoriado que apareceu na Inglaterra?
Encontrado vagando próximo a uma praia, o cidadão X durante uns quatro meses ficou em um hospital sem que ninguém conseguisse identifica-lo.
Suas roupas não tinham sequer etiquetas, não havia nada que levasse a qualquer pista sobre quem seria o indigente misterioso.
Nosso personagem seria mais um abandonado pela sorte, não fosse o caso de haver no hospital que estava internado um piano, e embora sem dizer uma palavra o misterioso cidadão teria se dirigido ao instrumento musical e tocado-o, como inicialmente foi amplamente noticiado, realizou músicas clássicas e outras desconhecidas, provavelmente de sua autoria.
A matéria tomou mundo, no Brasil saiu até no Fantástico, todo mundo se mobilizou e se sensibilizou para tentar identificar aquele artista abandonado pela sorte mas com amnésia. O cidadão X ganhou o romântico nome de “Homem Piano”.
Pois é, a coisa seguia esse rumo quando o próprio “Homem Piano” resolveu contar tudo, disse para as enfermeiras do hospital quem era, disse que era alemão, que não sabia tocar piano (?), que era alemão e que perdera o seu emprego em Paris, onde trabalhava com enfermeiros de doentes mentais.
Sua idéia inicial era tentar o suicídio se jogando ao mar, como não deu certo, logo após sua tentativa sem êxito foi encontrado pela polícia enquanto vagava todo molhado.
Tendo sido bem acolhido e levado para um hospital, gostou da idéia de compensar sua triste sorte e foi ficando, ficando, ficando...Não é nada, não é nada, mas para um desempregado, casa, comida e mordomias como uma cama quentinha e paparicos, levaram o “Homem do Piano” a viver sua fantasia de desmemoriado artista.
Acontece que depois de sua confissão foi devolvido para a Alemanha e agora, a turma inglesa não muito satisfeita com 171 que ganhou durante todo esse tempo, resolveu também processar o bom malandro em US$ 40 mil.
Só uma última observação, imagina se alguém tentasse aplicar o mesmo golpe aqui no Brasil, não iria agüentar dois dias sequer na rede de saúde pública, ou pior, conseguiria realizar seu intento inicial morte, só que por ter adquirido uma infecção hospitalar.

3 comentários:

Ricardo Rayol disse...

Caraca, isso que eu chamo de 171.

Elaine disse...

Eu acompanhei essa história do "homem do piano". Bem, eu achava que ele era apenas um Gay desmemoriado, mas num que era um malandão mesmo!

Alice disse...

rsrs morria mesmo com nosso sistema hospitalar , tava ferrado rs