Minhas opiniões e publicações, expostas neste espaço, são reflexões acadêmicas de um cidadão-eleitor, publicadas ao abrigo do direito constitucional da liberdade de expressão

"Por favor, leia devagar." (Ferreira Gullar)

11 dezembro, 2011

O tema sempre provoca polêmica, considerações desprovidas de fundamentação, conceitos extravagantes, envolvidos numa aura de mistério e misticismo, demonstrando que não sabemos bem quem são essas pessoas, que se reúnem para tratar de assuntos mais desconhecidos ainda.

Notadamente, algumas publicações, aqui e acolá, trazem alguns subsídios, porém, mesmo assim existe uma grande distância entre o que é fato e fantasia.

Pois bem, o jornal “Diário de Notícias” português, em novembro fez uma interessante matéria investigativa, traçando o grau de influência da maçonaria daquele país e seu trânsito pelos corredores do poder; ao todo foram quatro dias com variadas abordagens que terminou com uma mesa de debates.

Deixo o link para acesso as fotos das páginas da primeira matéria, quem tiver a curiosidade é só clicar aqui, sugiro depois de baixar, ir ampliando as imagens para conseguir fazer a leitura; as outras edições estão disponíveis na internet.

Em pleno século XXI, para alguns, na vigência de uma pós-modernidade, ainda subsiste uma organização moldada conforme valores do século XVIII, que por mais que se fale, poucos a conhecem.

07 dezembro, 2011

Uma política democrático-deliberativa para o trânsito da cidade

Esta semana por duas oportunidades tive bons diálogos com dois amigos pelo Facebook, assunto: o caótico trânsito de Niterói.

Sem dúvida ambos estão certos, quando reclamam, por um lado que é impossível de levar 25 minutos para percorrer 4 km da Ponte até a Moreira Cesar em Icaraí; ou, que “Estou parado a 20 minutos na cabine do via fácil da ponte sentido BR e Alameda que se encontra funcionando no sistema pare/siga por conta do engarrafamento da Alameda”.

Eu mesmo, ontem postei uma foto de um trator na hora do rush, pela manhã, trafegando tranquilamente pelas ruas do Centro, inadmissível para quem quer ordenar um trânsito pelo menos aceitável, numa cidade de porte médio para grande, onde para cada dois habitantes existe um automóvel.

Ao amigo de Icaraí ponderei que eu mesmo “sai do Rio sexta-feira 17:10 e cheguei no pedágio 19:50, só de perimetral uma hora e quinze, pena que não posso falar do Paes ou da Cet-Rio, já que não moro lá. Foi a infeliz escolha que fizemos há 50 anos, quando algum gênio da lâmpada nos convenceu que transporte de massa era o automóvel, hoje temos ruas projetadas no final do século XIX comportando uma população de século XXI, com transportes individuais e egoístas. Bem faz Londres, que cobra um pedágio de 7 Libras pra se entrar de carro na cidade; imagina se alguém adota isso aqui, dava até revolução.

Por sua vez, também muito bem articulado, o amigo argumentou que “tudo bem. Só duas observações: sexta-feira, 17:10h é complicado em qualquer cidade do Brasil (diferente de terça-feira, 16:30h) e a lentidão na Perimetral é consequência da lentidão da Ponte, que é consequência da não duplicação da Av. do Contorno, que é culpa da PREFEITURA DE NITERÓI...

Finalizamos nosso diálogo com um comentário meu: “Sabia que no dia da inauguração da Av. do Contorno eu a atravessei com meu pai andando, lembro como se fosse hoje, eu tinha uns 7 anos, ufa, já vai tempo; lembro bem dela, tinha a mesma largura e tamanho, só que terminava no Barreto, não tinha nenhum gênio acoplando no final dela uma rodovia federal com ligação para uns 5 municípios de importância demográfica significativa, mas isso já vai tempo, até porque, São Gonçalo com uma população de quase 1 milhão de habitantes, que tem que passar por Niterói, por falta de opção tem que realmente estar no planejamento do município de Niterói, mesmo que não invista um centavo nisso.

Hoje foi a vez do comentário do outro amigo, que pelo que parece, mora em Maricá e é obrigado a passar por Niterói como acesso para sua cidade e ficar parado na Ponte esperando para atravessar a Alameda, constantemente congestionada.

Ao segundo amigo, como forma de incentivar um diálogo cidadão participativo, provoquei: “Você tem mostrado que é um bom observador do trânsito de Niterói, acho que está na hora de dar algumas opiniões concretas... vamos lá, qual suas idéias ou uma solução concreta a ser aplicada?

Obtive a resposta, inclusive pelo que andei pesquisando, faz parte de um projeto do governo estadual: “Um viaduto ligando a ponte a Caixa D' Água, o que era pra ter sido feito, no lugar dessa obra, que liga "nada a lugar nenhum". A [sic] pouco tempo, tomei conhecimento que prefeitura estar estudando essa possibilidade.

Por fim, provoquei este parceiro, novamente com questões que se apresentam a ser resolvidas: “Quanto custa amigo? De quais organismos financeiros estamos falando, nacional, internacional? Tempo estimado da obra? Quais municípios pagaram pelo financiamento da obra, os que se beneficiam ou somente Niterói deve arcar com esses valores?”

Essa é a questão, o problema parece que não é local, é de interesse intermunicipal. Niterói sempre foi cidade de passagem para o Rio de Janeiro, assim como a Ponte que liga as duas cidades, portanto, no meu modo de ver, o problema do trânsito da cidade só terá alguma solução racional, se todas as partes interessadas e envolvidas sentarem-se na mesma mesa de negociações onde cada um possa racionalmente, em condições de igualdade como falantes, em intersubjetividade, apresentar suas expectativas e interesses e, principalmente, a sociedade civil organizada, representantes dessas comunidades, possam influir como concernidos na deliberação das soluções, visando chegar não a um acordo mero, mas a um consenso de suas pretensões

A participação democrática ativa, não aquela de quem simplesmente outorga poderes em aberto aos gestores públicos, mas que se faz presente, propondo e decidindo, me parece o único caminho para enfrentar além da questão do trânsito, inúmeros outros que se apresentam e geram permanente estado de tensão; assim, além de cidadãos deliberativos, nos tornamos executores de projetos legítimos e mesmo fiscais de suas execuções.