Minhas opiniões e publicações, expostas neste espaço, são reflexões acadêmicas de um cidadão-eleitor, publicadas ao abrigo do direito constitucional da liberdade de expressão

"Por favor, leia devagar." (Ferreira Gullar)

27 novembro, 2010

Somos o que somos

Somos publicamente pela paz, mas não deixamos de torcer pelo confronto, mais ou menos como naquela tese de que as pessoas assistem corridas de automóveis ou motocicletas, torcendo por um acidentezinho, só pra dar um pouco mais de emoção.

Somos publicamente pela vida, não queremos nenhum morto ou ferido, mas sabemos como é importante quebrar alguns dos ovos para fazer as omeletes, ainda mais quando esses não são das nossas caixas, mas que se dane a vida alheia, o que importa é a nossa afinal.

Somos publicamente pelas garantias democráticas, das liberdades, do devido processo legal, entretanto, só aceitamos transigir a isso quando o direito em jogo não é o nosso, particular e individual, quando o direito atingido é o “dele”, que aqui pra nós, faço questão de desconhecer.

Somos publicamente contra a guerra no Golfo, no Iraque, na Palestina, na Coréia, acreditamos que a razão e a inteligência humana é maior que o confronto e sempre há outra saída, que não seja a custo de vidas, mas não abrimos mão de nossa guerra doméstica, afinal, a nossa sem dúvida nenhuma tem razão de ser.

Somos publicamente preocupados com as questões sociais e entendemos que alguma coisa urgente tem que ser feita, porém, nossa melhor sugestão no momento é a deflagração total do processo, a aniquilação geral, quem sabe mesmo com o emprego de napalm.

Somos publicamente hipócritas, porque privadamente somos exatamente assim.