Minhas opiniões e publicações, expostas neste espaço, são reflexões acadêmicas de um cidadão-eleitor, publicadas ao abrigo do direito constitucional da liberdade de expressão

"Por favor, leia devagar." (Ferreira Gullar)

29 outubro, 2009

Pleno emprego

Que a “Lei Seca” veio pra ficar não há dúvidas, até porque o modelo de atuação no Rio de Janeiro já virou referência internacional no controle do uso de álcool e direção (Leia mais).

A Organização Mundial de Saúde - OMS, apesar dos reparos que as fiscalizações ainda merecem, como por exemplo, do motorista que ao avistar a blitz engata marcha ré ou mesmo, abandona o carro sobre a primeira calçada que vê pela frente, quando não abandona no meio da rua, acredita num caminho a seguir, o modelo carioca.

Mas como se há lei, também há violação da mesma, portanto, no Rio de Janeiro está surgindo uma nova profissão: “atravessador de blitz”, Explico.

O cidadão após ingerir bebida alcoólica, se vê envolvido num engarrafamento, que sempre acontece independente do horário, quando há fiscalização da “Lei Seca” em determinado ponto da cidade. Aflito, sabendo que terá que assoprar o “bafômetro”, ou se negar à produção da prova, em qualquer das hipóteses, terá o veículo e sua carteira de habilitação apreendidos, recebe o convite de um “inocente” cidadão passante: “quer que eu atravesse a blitz pra você?” O preço, baratinho, de 10 a 20 reais dependendo da cara do cliente.

Independentemente de qualquer outro mérito da questão, se olhar só pelo aspecto da criatividade, confirmamos que no Brasil é assim, enquanto elles se viram lá por cima, o povão dá seu jeito aqui por baixo.

25 outubro, 2009

Fora “chapa branca”!


Quando estudantes lutavam pela democracia no Brasil; quando não recebiam subvenções no mínimo estranhas do governo federal; quando não faziam turismo patrocinado com o dinheiro do povo; quando a União dos Estudantes era realmente do Brasil, as coisas funcionavam mais ou menos assim por aqui... (é só clicar e acreditar que ainda há esperanças )

29 setembro, 2009

Utilidade Pública

DANOS MORAIS. OFENSAS PUBLICADAS EM BLOG DE JORNALISTA. RESPONSABILIDADE PESSOAL DO JORNALISTA RESPONSÁVEL PELO BLOG, AINDA QUE ALGUMAS DAS OFENSAS TENHAM SIDO VEICULADAS COMO PROVENIENTES DE LEITOR ANÔNIMO. LIBERDADE DE CRÍTICA E DE MANIFESTAÇÃO DE OPINIÃO QUE NÃO DEVE DISPENSAR O USO DE LINGUAGEM ADEQUADA E DE EDUCAÇÃO. CRÍTICAS CONTUNDENTES PODEM SER FEITAS DE FORMA CIVILIZADA. IRONIA NÃO SE CONFUNDE COM DESNECESSÁRIO DEBOCHE. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO APENAS PARA MINORAR O VALOR DA INDENIZAÇÃO (Recurso Inominado Terceira Turma Recursal Cível Nº 71001948348. Comarca de Pelotas)

Leia na integra a decisão através do Blog Direito em Pauta (
Clique aqui)

18 setembro, 2009

Conforme a Constituição manda

Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada.
Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.

Com indicação pelo operário-meu-patrão, para ocupar a vaga do falecido Ministro Carlos Alberto Direito, o advogado-geral da União o Dr. José Antonio Dias Toffoli, conforme o texto constitucional transcrito, deverá preencher basicamente três requisitos para sua aceitação pelo Senado Federal, a saber:

1 - Mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos
2 - Notável saber jurídico;
3 - Reputação ilibada.

Não duvido dos dois primeiros requisitos, mas fico reticente com o terceiro, afinal Dr. Toffoli já foi integrante do staff do Zé Dirceu, quando este era Chefe de Gabinete do apedeuta e sob a exata batuta do Zé, que se regia o mensalão.

Também, bastou ser candidato ao Supremo que começaram a surgir os esqueletos escondidos debaixo da cama. Agora Dr. Toffoli aparece como condenado em primeira instância pelo juiz da 2ª Vara Cível do Amapá a devolver R$ 420 mil aos cofres públicos do Estado, ainda recorrível a decisão, mas... (
leia aqui)

No dicionário do Aurélio, a definição da palavra “ilibada” quer dizer "não tocado, puro ou sem mancha". Parece que puro o candidato a Ministro pode até ser, mas não tocado, no mínimo seria muita ingenuidade sua aprovação.


15 setembro, 2009

Realidade

Esse não está no You Tube, nem vai passar no Jornal Nacional.

Fiquei pensando em postar ou não, decidi pela realidade, essa muitas vezes alterada e censurada em nome da tranquilidade social.

As imagens são fortes e até onde sei, exclusivas.

04 setembro, 2009

Dica do dia

Escolher médico, dentista, padre ou pastor é muito importante para uma boa saúde física e espiritual. Entre tantos outros profissionais, também é importante uma boa escolha do advogado da família, esse profissional bem escolhido pode garantir muita tranqüilidade, agindo não só nos momentos de dificuldades, mas principalmente, e preventivamente, nos negócios realizados pela vida e mesmo na assistência aos herdeiros após a morte.

Cada vez mais especializados, os advogados buscam acompanhar a dinâmica da sociedade, que também se aprimora nos seus fazeres diferenciados, entretanto, algumas áreas do Direito não saem de “moda” desde que o mundo é mundo, por exemplo os ramos de Direito Civil, Tributário, Empresarial e principalmente, o Criminal, esse presente já nas primeiras histórias bíblicas, em Gênesis, se não se acreditar em vida anterior a este período.

A dica do dia pega o exemplo do médico Roger Abdelmassih, preso sob acusação de ter cometido 56 estupros em suas pacientes, fato amplamente divulgado em toda imprensa nacional.

Com prisão decretada desde 17 de agostos, pela 16ª Vara Criminal da Capital/SP, o médico teve seu pedido de liberdade negada por três vezes em sede de habeas corpus, no Tribunal de Justiça de São Paulo, no Superior Tribunal de Justiça e no Supremo Tribunal Federal, em todos os Tribunais foram negados os pedidos de liminares.

No jargão jurídico, se “o Direito não é bom”, por vezes o negócio é trocar o advogado, e foi o que o Dr. Roger fez, recaindo cirurgicamente a escolha no Dr. Marcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça do operário-meu-patrão no período de 01/01/2003 a 16/03/ 2007.

Por acaso do destino, o ex-ministro e atual advogado do Dr. Roger Abdelmassih, participou ativamente, e era sua obrigação, na indicação de 06 (seis) dos 11(onze) que integram a Corte Suprema, são eles:

Antônio Cezar Pelluso - nomeado em 2003 (nascido em 1942, pode ficar até 2012)

Carlos Ayres Britto - nomeado em 2003 (nascido em 1942, pode ficar até 2012)

Joaquim Barbosa - nomeado em 2004 (nascido em 1954, pode ficar até 2024)

Eros Grau - nomeado em 2004 (nascido em 1940, pode ficar até 2010)

Enrique Ricardo Lewandowski - nomeado em 2006 (nascido em 1948, pode ficar até 2018)

Cármen Lúcia Antunes Rocha - nomeada em 2006 (nascida em 1954, pode ficar até 2024)

Considerando a morte recente do Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, a composição atual do STF encontra-se com 10 (dez) integrantes, dos quais pelo menos 06 (seis) tiveram seus nomes analisados e quem sabe, ungidos, pelo então Ministro da Justiça Dr. Márcio Thomaz Bastos.

Dica do dia: Se dirigir não beba, se estuprar, escolha um bom advogado, de preferência com bom trâmite nos Tribunais.

30 agosto, 2009

Reflexões num domingo de sol

O Estado liberal que conhecemos caminha a passos largos para seu fim, ao contrário do passado, quando ficava bem caracterizado o momento da chegada do autoritarismo, através dos golpes de força cometidos contra os órgãos, instituições e seus súditos, hoje a dominação se dá de forma dissimulada, gradativa e sempre justificável diante das “emergentes” situações que são apresentadas.

Através de uma mensagem protetora o “Grande Irmão”, cada dia mais presente, justifica seus atos manifestando inicial preocupação com o bem estar geral; no próximo momento provoca e trava debate teleguiado, com alvo precisamente escolhido e satanizado, indicado como responsável por males que a sociedade deve expurgar; finalmente, o Estado chama para si a responsabilidade de melhor gerenciar a vida daqueles que não sabem como fazê-lo, verdadeiramente, proibindo seus súditos de errar, despersonalizando assim os comportamentos individuais “desviantes”. Em nome do todo, todos devem ser iguais. É a robotização de seus membros.

Se dirigir não beba, não use celular enquanto ao volante, use sempre cinto de segurança, não fume, use capacete, não compre produtos piratas, não sonegue seus impostos, não compre moeda estrangeira sem declarar, não tenha arma sem registro... infinitos são os comandos proibitivos e, diante de novas situações ainda não reguladas, os rumos são “corrigidos” através de novas proibições, precedidas sempre de “fundamentadas justificativas”.

A presença máxima do Estado na vida do indivíduo é justificada pelo discurso da proteção dos seus cidadãos, contra erros que possam cometer contra si e, conseqüentemente, evitando que o comportamento individual cause dano aos demais membros da sociedade. Tudo muito bem articulado e engendrado, o Estado já não se satisfaz apenas com parte do fruto do trabalho de seus súditos, quer almas dóceis, pensamentos convencidos e vidas intactas e protegidas de todo mal, quer a garantia da produção com o menor custo, certamente majorado quando presente o componente da liberdade.

É o fim das liberdades individuas, o fim da individualidade como um dia se conheceu, essa é uma tendência mundial, não importando continente, sistema ou regime adotado. Sempre em nome da proteção do indivíduo, tudo em nome do bem comum.

Finalizando o post com as palavras de Fritz Utzeri: “E não nos iludamos. A história da humanidade não é uma linha ascensional contínua em direção à luz ou à razão. Podemos muito bem caminhar para trás, apesar (ou talvez por causa) de nossa imensa tecnologia e nosso poder. Roma e o mundo romano em seu auge eram muito melhores do que a Europa em grande parte da Idade Média”.

23 agosto, 2009

Sobrou para o italiano Luca Badoer, substituto de Felipe Massa, a 17ª e última colocação no Grande Prêmio de Fórmula 1 de Valência.

Cogitado inicialmente para socorrer a Ferrari, o ex-piloto e heptacampeão Michael Schumacher, chegou a treinar com o modelo da escuderia F2007, mas no final desistiu da idéia de voltar às pistas, dessa decisão muitos aficionados da F1 ficaram perguntando as razões da desistência do retorno, tão rápida quanto o anuncio inicial da volta.

O frustrante resultado de Luca Badoer parece que responde a indagação: preparação.

Num esporte que os limites estão a milésimos de segundo da perfeição, a falta de preparo pode comprometer não só a competição, mas a própria vida do piloto, dependente de seus reflexos instantâneos para tomadas de decisões, que quando não treinados, condicionados e exercitados exaustivamente, respondem na velocidade da maioria das pessoas.

Falo com mínimo e modesto conhecimento de causa, já tive a incrível experiência de pilotar a mais de 275 km/h uma máquina sobre duas rodas, onde cada metro percorrido tem que estar racionalmente controlado, as respostas reflexo/ação não podem se dar ao luxo de uma segunda opinião. Dez anos mais velho não me permito ultrapassar um limite pessoal, menor em pelo menos 30 km/h, não sou mais o mesmo.

Schumaker foi o melhor no seu tempo, entretanto, hoje não teria condições de ocupar o cockpit de um F1 com pretensões verdadeiras de vitórias, isso no mínimo demandaria tempo para voltar a uma condição de quase perfeição deixada para trás, hoje o tempo corre contra o ídolo alemão.

Fez bem “Schum” em guardar sua história jogando a toalha sem maiores explicações, seria melancólico ver um campeão sendo batido pela idade e imperfeição. É bom deixar a última colocação para os que ainda estão iniciando, a derrota nessas horas pode ser proveitosa lição.

Vidência

Recebi por e-mail do meu “Amigo-Mestre”, me parece já ser antiga a nota, confesso que não conhecia e muito menos pelo remetente me foi indicada a fonte que originariamente publicou, não vou lamentar a omissão, afinal, cavalo dado não se olha os dentes.

Como continua atual, reproduzo a nota aguardando contestações.

17 agosto, 2009

Até ele...

“Consegui documentos do século 18 mostrando as verdadeiras razões da criação do Senado. A idéia inicial da instituição era separar os Poderes, com um legislativo representativo e independente. Ao meu ver, para isto, basta uma Câmara legislativa, não é preciso mais de uma, o Senado... Antes de mais nada, não há qualquer justificativa séria, não é uma exigência democrática. A transformação do sistema bicameral em unicameral não trará qualquer prejuízo para a democracia brasileira. O segundo aspecto: o sistema bicameral tem atrapalhado enormemente o processo legislativo por subordiná-lo a uma série de acordos que muitas vezes são feitos para atender a interesses de grupos e não aos interesses públicos. Mas como há a necessidade do voto, dos acordos, o Executivo os faz mesmo em prejuízo do interesse público. Um terceiro aspecto é a lentidão do processo legislativo por ter que ser aprovada em duas Casas. Por isto é que temos projetos transitando por lá há 20 anos. Além disso, o sistema tem contribuído para atrapalhar o próprio Executivo, pois amarra, impede decisões, retarda e impõe negociações que muitas vezes são contrárias ao interesse público. Ou seja, um conjunto de fatores negativos sem nenhum positivo”. (Dalmo Dallari defende o fim do Senado – leia mais)

14 agosto, 2009

Pérola

A Lei 6.242/75 dispõe sobre o exercício da profissão de guardador e lavador autônomo de veículos, regulamentada pelo Decreto 79.797/77, diz lá:

“Art. 3º O guardador de veículos automotores atuará em áreas externas públicas, destinadas a estacionamentos, competindo-lhe orientar ou efetuar o encostamento e desencosamento de veículos nas vagas existentes, predeterminadas ou marcadas.

§ 1º O encostamento ou desencostamento efetuado pelo guardador de veículos automotores, poderá ser feito por tração manual ou mecânica ou automovimentação do veículo”.


Tradução:

O “flanelinha” trabalhará nas ruas colocando ou tirando os carros das vagas, para fazer isso, empurrará ou pegará as chaves com o dono.

Há quem reclame do juridiques, viva o legislates.

12 agosto, 2009

O mal amado

Zeca Diabo visitou hoje Seu Lulu Gouveia, quer por que quer voltar para Sucupira, sonha em tentar novamente golpear a Constituição e se investir em poderes soberanos, quer ser um verdadeiro Odorico Paraguaçu. (sobre o encontro )

Em entrevista à Rede de TV Telesul, Caracas, uma imprensa “marronzista, calunista, esquerzóide e subversivista", Zeca Diabo disse que "de agora em diante, se a intransigência e a soberba deste grupo de golpistas persistir, só nos restará (...) formar um tribunal internacional para julgar estes inimigos da humanidade" (
leia mais)

Como diria o próprio Odorico, "vamos pôr de lado os entretantos e partir para os finalmentes”. Boa idéia do Zeca Diabo, um Tribunal Internacional para julgar os atentados contra a democracia, sugiro mais, que esse mesmo Tribunal tenha poder para determinar intervenção militar internacional, sempre que um Estado seja vítima de golpistas oportunistas, mesmo quando o golpe se dê por manobras “reformadoras” constitucionais, daqueles que querem se perpetuar no Poder.

10 agosto, 2009

Lei não falta

O Brasil pode até não ser um país sério, mas não é por falta de leis.

Só para contabilizar uma das espécies, as chamadas ordinárias federais, emanadas do Congresso Nacional e sancionadas pelo operário-meu-patrão, são pelo menos 50, isso mesmo, 50 novas leis federais todo mês. Duvidou? É só conferir no site da presidência.

Na conta legiferante se forem incluídas as de outras espécies (Emendas Constitucionais, Leis Complementares, Leis Delegadas, Resoluções e Decretos Legislativos do Congresso), além das de competência estaduais e municipais, o furor normativo é assombroso, sendo impossível manter-se totalmente atualizado, fora quando se adote a especialização como meta.

Tem lei “seca”, “antifumo”, “do torcedor”, “de sonegação”, “de comunicações”, "de importação”....... uma infinidade de comandos organizadores e sancionadores.

Sabe essa foto no alto do post, é de um caminhão transportando trabalhadores da Prefeitura da minha cidade, duvido que seja caso isolado, imagino que em outras tantas pelo país a coisa não seja tão diferente.

Quando quem tem que dar o exemplo para poder fiscalizar, ignora e viola abertamente o cumprimento das suas próprias leis, dá pra entender que para ser sério o Brasil ainda tem muito caminho a percorrer, ainda que seja pendurado numa caçamba de caminhão.

07 agosto, 2009

Biografia

Wellington nunca ganhou nada na vida pública, somente o que o dinheiro pode comprar. É um senador “sem-votos”, suplente de Hélio Costa, que ocupa a pasta ministerial das comunicações. Na Wikipédia consta que Wellington foi um dos principais doadores da campanha de Hélio, não creio que tenha sido “um dos”, até porque foi escolhido para ser seu primeiro suplente, certamente não pesou seu carisma e votos, não se poderia exigir além do tinha para dar.

Logo que assumiu a cadeira alheia através da estratégica manobra nomeadora de Hélio Costa, Wellington assumiu a liderança do PMDB e do “bloco da maioria” no Senado, meteórica ascensão, até porque o menino prodígio não tinha nenhuma experiência política que justificasse tamanha honraria, mas como o Senado Federal é a casa das oportunidades, que o diga Henrique, namorado da neta de seu presidente, emplacou mais um gol sem nenhuma legitimidade popular.

Como peixe graúdo da educação, que maldosamente alguns chamariam de “tubarão do ensino”, buscou também se aproximar da Comissão de Educação do Senado, que a propósito, acabou por presidir, o que deve ter enchido de orgulho papai e mamãe, era o rebento caminhando em passos largos e sem precisar de nenhum voto popular, somente seu talento e magnetismo pessoal.

No Senado Wellington encontrou antigos amigos, entre eles o Senador Renan Calheiros, que quando presidia a entidade filantrópica Campanha Nacional de Escolas Comunidade - CNEC, generosamente em 1996 cedeu em comodato um terreno em Goiânia para construção do campus da Universo, empresa de educação do competente político.

Do contrato com Renan restam duas coisas com certeza, a Universidade instalada no terreno e uma Ação Popular na Justiça Federal, a “filantrópica” do Renan recebia recursos da União e não podia fazer o negócio nos moldes realizados. A representação foi feita por “ato lesivo contra o patrimônio da União, do Estado de Goiás e do município de Goiânia, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e à coletividade em geral”, um verdadeiro strike. Wellington também é investigado em três inquéritos policiais, por sonegação fiscal e crime contra a previdência, devidamente autorizados pelo STF.

Proibido de abrir outras unidades da Universo pelo país, Wellington exercia “seu” mandato com galhardia, em 2007 defendeu abertamente o mesmo Renan Calheiros da cassação junto ao Conselho de Ética, onde era o relator do caso em questão. Registra-se que Wellington como bom amigo de seus amigos e bem feitor de seus aliados, negociou deliberadamente cargos no terceiro e quarto escalões do governo, em troca da aprovação da prorrogação da CPMF.

A experiência pública e privada de Wellington anterior ao “seu” mandato, basicamente era restrita a um cargo de Presidente da Associação Comercial de São Gonçalo/RJ, a um contrato como professor de educação física (acreditem se quiser) no Colégio Don Helder Câmara, na mesma cidade da sede da empresa familiar que é dono, a Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura, mantenedora da Universidade Salgado de Oliveira – Universo. Após seu ingresso na militância política passou a ser dono da TV Vitoriosa em (MG), da TV Goiânia (GO) e da cadeia de rádio Venenosa FM (rádios RIO FM de Rio Bonito (RJ), RIO FM de Parati (RJ), a Venenosa FM (GO). A vida pública mesmo consumindo precioso tempo de quem a ela se dedica, parece não ter atrapalhado tanto assim aos negócios de Wellington.

Integrante da “tropa de choque” do governo participa com Fernando Collor, Renan Calheiros, Paulo Duque, Gim Argello, Romero Jucá, Almeida Lima, Leomar Quintanilha e Gilvan Borges, do grupo de blindagem de José Sarney. Também foi defensor do terceiro mandato do apedeuta e é aliado incondicional do governo federal: “eu me sinto em lua-de-mel com o PT”.

Em poucas palavras esse é Wellington, descompromissado com o voto popular, legitimado pelas regras do jogo. É esse representante do Estado de Minas Gerais quem questiona historicamente Cristovam Buarque e enfrenta Pedro Simon ombreado a Collor e Renan. Wellington Salgado, nascido no Rio de Janeiro, com pai, mãe e negócios principais no mesmo Estado, tal como José Sarney foi para outras terras, buscar pela via mais fácil uma cadeira no Senado.

Se o gol para o futebol é um detalhe, para Wellington Salgado o voto é desnecessário.

06 agosto, 2009

Vergonha

Ficamos encabulados, constrangidos, sem graça, envergonhados, quando fazemos alguma coisa que é repreensível, fora do cotidiano, do uso comum, próprio do ser humano médio. Envergonhamos-nos dos atos praticados que bem sabemos, por mais água e sabão que sejam usados, sempre restará uma mancha oculta maculando o que um dia teve a pureza e a ingenuidade inicial.

Ter vergonha de si próprio é normalmente o mais comum, mas nada nos impede de ter vergonha dos outros, o que igualmente nos incomoda e nos constrangem; também é comum, aquele desconforto de “que cheiro é esse?”, ainda que não tenha saído de nossas entranhas, causa não só o encabulo social, também nos enrubesce pelo nojo de estarmos afogados na imundice que sequer produzimos.

Em nossa sociedade com valores cada dia mais estranhos, para mim que nasci em outros tempos, que a bem da verdade também tinha suas vergonhas próprias, cada vez mais se sente constrangimentos por menores coisas, a roupa da festa que não é nova, o carro que não é do tipo e ano do vizinho, as quinquilharias de promoções importadas e de grife. São tantos os pequenos constrangimentos que os grandes descaramentos servem, somente de pano de fundo, para injustificáveis “lá por cima a coisa é bem pior”.

Ainda lembro-me da vergonha de ter perguntado para uma mulher barriguda e descuidada “para quando é o neném?”; trago na memória meu fuxico contra um conhecido, que me pegou em flagrante de maledicências sobre seu mau hálito; guardo os pecados da traição sentimental e do desejo da mulher do próximo, lá no fundo do baú, lá mesmo, onde você que lê essas palavras também guarda os seus, envergonhado; encabulo até hoje por não saber a quase trinta anos passados que prato seria o tal do “carpaccio”, quando fui levado pelo trabalho ao restaurante do Ca'd'Oro, não fazendo por menos pedi a entrada como prato principal, servidos todos, a vontade era pegar a porta de saída ou comer aqueles filetinhos de carne crua com ares de pouca fome.

Pequenas senvergonhices guardamos com alegria e diversão, as mais graves não contamos para mais ninguém, há certas coisas que nem nossos melhores amigos merecem saber que somos capazes, e os filhos então? Deixemos que nossas biografias permaneçam castas pelo menos na imaginação de quem nos ama.

Há vergonhas, vergonhas e vergonhas, a intensidade depende da difusão. Quando a dois sempre nos resta o “isso nunca me aconteceu”, quando a três ou poucos mais, a justificativa que a imaginação puder dar é a solução, quando em publico, em multidão, o melhor remédio é ficar vermelho “botar a viola no saco” e jurar que “nuca mais ponho uma gota de álcool na boca”, promessa que será violada, mas serve de confissão para envergonhados.

A prisão, a delação, a traição do amigo, o mau caratismo, o suborno passivo ou fomentador, o roubo da inocência, a ganância, o assassinato, as perseguições, inumeráveis são os motivos das maiores vergonhas. Acontece que são essas as vergonhas que parecem não incomodar mais.

Iniciei esse texto para falar de uma vergonha em especial, a que senti do
bate-boca Tasso X Renan transmitido em rede nacional. Não tinha palavras iniciais para definir o que via, mas tenho certeza do sentimento que me tomou naquele momento, vergonha. Na verdade esse post pode começar aqui e terminar no parágrafo seguinte.

Vergonha do “dedo sujo” do Renan, do “jatinho” do Tasso ou dos “empreiteiros” de seu rival, tanto faz, afinal o dinheiro dos dois em última análise “e meu, é meu, é meu, é meu”, ou pelo menos era e agora integra o patrimônio do “cangaceiro de terceira”, ou do “coronel de merda”. Faço parte de uma maioria envergonhada, por uma “minoria com complexo” de divindade.

O post vai longe demais, como disse era para ter somente dois parágrafos, um sobre o fato, outro sobre a emoção, não resisti, provoquei as palavras para me banhar na indignação, fiz minha purgação. A propósito, no processo de catarse Aristóteles acreditava que o herói devesse passar da dita para a desdita, ou seja, da graça para a desgraça, não por acaso, mas por um querer que chamava desmedida, quando só então atingiria a purificação.

04 agosto, 2009

Questão de sobrevivência

A democracia não merece um senador indireto e sem votos chamado Wellington Salgado, serviçal e oportunista, bajulador e sem a menor classificação para representar um Estado da federação; também não merece Paulo Duque, outro senador sem votos, terceiro numa linha de substituição, que acha a “opinião pública volúvel” e flutuante, em prova de total desprezo pelo povo e seus quereres; não merece que um homem da integridade de Cristovam Buarque seja aparteado por um indivíduo sem postura moral, que troca de lado conforme as vantagens que lhe dão, na verdade, sequer o estado de Alagoas merece dois senadores que tem; muito menos que Pedro Simon tenha que trocar palavras com um homem rechaçado pelo povo e afastado pelo collorido das caras pintadas, que só não foi guilhotinado em praça pública por falta de costume cultural, e hoje volta de dedo em riste aparteando a verdade; a democracia não merece outros tantos e outros poucos que se refugiam das câmeras, microfones e fotografias, mas se expõem pelos labirintos do parlamento, trocando apoio por poder e decência por cargos.

Mais importante que resolver sobre a saída do seu presidente da cadeira que ocupa, o Senado tem pela frente uma árdua e cada dia mais difícil tarefa, resgatar a credibilidade de um Poder da República. Tem que provar para a sociedade sua real necessidade de existência, como casa revisora e de equilíbrio, esteio dos Estados, onde a representação equitativa de cada ente garante que as desigualdades regionais, não são entraves à igualdade necessária para construção de uma nação.

Embora a credibilidade seja mais importante que uma renúncia, a renúncia no momento é um caminho para a credibilidade.

Como diz o bordão, “é grave a crise”. O Senado Federal não merece a crise em que está afundando, sob o pretexto de questões administrativas institucionais, precedentes ao seu dirigente maior; não merece que seus membros criem, provoquem, alimentem e estabeleçam em perpetuidade o descrédito e achincalhe popular; o Senado não resistirá por muito tempo a crise e a democracia não suportará ser afrontada pelos pulhas serviçais; o povo não pode perder a perspectiva da moralidade, ainda que em utopia, não pode perder a esperança, ou na história ficará o registro do alto preço que se pagará por isso.

Oportunistas de todas as espécies existem, há aqueles que se locupletam com o dinheiro alheio, há os que satisfazem com palácios, castelos e ostentação, também há os que querem promover seus senhores ou querem se tornar donos de si mesmo, porque ainda não são, porém os mais temíveis e perigosos são aqueles que se aproveitam das fragilidades de ocasião para a usurpação final, o Senado vive essa questão. Debilitado moralmente é presa fácil para a maledicência e conveniente descrédito, está na linha de tiro das palavras, mais ainda, está em rota de colisão com a sociedade. Perder a legitimidade é suicídio político ou se oferecer a degola.


03 agosto, 2009

Relutei, mas desisti

Chega de spam nos comentários. É tanta bobagem junta de autoria anônima.
.
Maluco esse tesão de quer que alguém leia seus textos na porrada.

Com as desculpas necessárias, vou ter que coloca código de confirmação para quem não comente através de um Blog.

01 agosto, 2009

Imparcialidade

Na foto: Desembargador Dácio Vieira (à esquerda na foto), que determinou censura, é ligado a Sarney e Agaciel

“O desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), proibiu o jornal O Estado de S. Paulo e o portal Estadão de publicar reportagens que contenham informações da Operação Faktor, mais conhecida como Boi Barrica. O recurso judicial, que pôs o jornal sob censura, foi apresentado pelo empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) - que está no centro de uma crise política no Congresso”. Leia no Estadão

“Juiz que determinou censura é próximo de Sarney e Agaciel”
Leia Mais

O olhar do Blog

No rol dos princípios fundamentais do Estado brasileiro, está contido no art. 5º, inciso LIV da Constituição Federal, que é direito de todos o devido processo legal.
(LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;)

Entendendo o processo legal como aquele que é devido pelo Estado à sociedade, posto que não haja permissão no atual estágio de desenvolvimento da sociedade a consecução de justiça pelas próprias mãos, também deve ser interpretado como devido processo aquele a ser realizado na forma prevista em lei.

Assim, o devido processo legal que por um lado é dever do Estado, por outro é o garantido e revestido pelas formalidades legais, que assegura entre outros postulados o da igualdade das partes, o contraditório e a ampla defesa, o juiz natural (aquele que existente anteriormente para julgar a causa), além de que esse juiz seja igualmente distante das partes, ou seja, imparcial.

Para a necessária realização de um justo processo, a mesma Constituição assegura através da inamovibilidade, irredutibilidade de vencimentos e da vitaliciedade as garantias mínimas e necessárias, para que o julgador não se curve e possa se afastar de qualquer poderoso que tente influir na sua decisão.

Também é assegurada a imparcialidade quando ao magistrado é vedado I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo; III - dedicar-se à atividade político-partidária; IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; e V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.

Esse corolário de comandos objetiva que o juiz seja independente e imparcial.

Com fundamento de validade no texto Magno, o Código de Processo Civil indica como causa de suspeição a amizade íntima de qualquer das partes com o magistrado.
(Art. 135. Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz, quando:I – amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes)

Assevera a doutrina que a suspeição tem relação com o subjetivismo do juiz. A imparcialidade do juiz é um dos pressupostos processuais subjetivos do processo.

Portanto, não há como se conceber um devido processo legal sem que mínimas garantias às partes sejam asseguradas, entre elas que o órgão julgador as trate de forma eqüidistante, sob pena do processo estar eivado de vícios que resultarão em nulidades, declaradas em análise de exceções processuais por instância superior quando não aceita pelo próprio juiz originário.
(Art. 304. É lícito a qualquer das partes argüir, por meio de exceção, a incompetência (art. 112), o impedimento (art. 134) ou a suspeição (art. 135).)

O que cabe e o que fará o Estadão pela via legal não sei, mas diante da decisão desse desembargador, acho que não é só o operário-meu-patrão quem acredita que Sarney não é uma pessoa comum.

31 julho, 2009

Gozou?

Estabelecido em 2001 na Inglaterra por iniciativa do comércio sexual local, os populares sex shop, o dia 31 de julho é considerado o Dia Internacional do Orgasmo, data que se não existisse não faria a menor falta, entretanto, já que existe, por que não comemorar?

Preconceitos a parte, até porque o tema sempre sugere a rejeição à leitura e expressão por parte dos mais puritanos, nada como dizer que o clímax sexual foi alcançado, no popular, “gozei!”.

Entretanto, não são todos que podem participar dessa euforia originária, primitiva e deliciosa, as vítimas de mutilações sexuais, os abstêmios por opção e aqueles, como diria o poeta, mesmo o “padre eterno que nunca foi lá, olhando aquele inferno vai abençoar”.

Segundo estudos na USP, cerca de 26% das mulheres brasileiras têm dificuldade em atingir o orgasmo e outras 50% tem problemas diversos ligados a falta de desejo, ausência de tesão ou mesmo dor durante a relação. No outro lado da cama 4% de homens também sofrem por não atingirem o orgasmo nas suas relações pelos mais diversos motivos.

Na Inglaterra, onde surgiu a data comemorativa os números são mais alarmantes, cerca de 80% das mulheres não gozam durante a relação com seus parceiros.

Para quem não sabe bem do que o Blog esta falando, segue a definição teórica da explosão sexual, transcrita da enciclopédia livre e virtual,
Wikipedia:

“O orgasmo é uma reação do corpo que dura apenas breves segundos, sentida durante o ato sexual ou de masturbação, resultado de intensa excitação das zonas erógenas ou órgãos sexuais. O orgasmo como sensação de prazer pode ser detectado no momento da ejaculação na maioria das espécies de mamíferos, em indivíduos masculinos. Na espécie humana, de maneira geral, tanto homens quanto mulheres podem sentir o orgasmo: nos homens, apresenta-se como um pico rápido de excitação seguido de ejaculação, e rápida queda na sensação de prazer; nas mulheres, pode consistir de um período mais extenso de sensação de prazer acima do normal, pontuado por alguns picos de extremo prazer, mais intenso que nos homens, com decréscimo destas sensações mais lento do que nos parceiros. Nas mulheres, ainda, podem haver contrações musculares que causam expulsão de líquido através da vagina, caracterizando a ejaculação feminina.”

O Blog sugere que todos aproveitem a data que providencialmente caiu numa sexta-feira, bons encontros e porque não, relaxar e gozar.

30 julho, 2009

Vinte anos depois

Em 1989 o país vivia uma overdose eleitoral. Saindo da ditadura militar, os partidos organizados sob o manto constitucional recém promulgado, queriam mostrar suas caras para a sociedade, não estavam tão preocupados com hoje estão nas alianças garantidoras do poder permanente. Purismo à parte, foi um momento único poder ver Mario Covas, Roberto Freire, Brizola, o próprio Ulisses, quando aparecia, debatendo e fazendo surgir um novo país.

O resultado daquelas eleições todos lembramos, um “caçador de marajás”, que enganou a muitos, desse pecado não morro, que no final foi destronado como qualquer outro ditadorzinho barato e ladrão, que foge pelos fundos do alçapão.

De qualquer forma, vinte anos se vão, e como diz o provérbio, as imagens valem mais que as palavras.

29 julho, 2009

Anistia

Em setembro do ano passado postei um texto, chamei de Permanência Incondicional e começava assim: “O controle migratório talvez seja um dos pontos mais importantes da estratégia de colonização e ocupação do território e postos de trabalho de um país. É através do controle de entrada e permanência dos estrangeiros que se estabelece uma política migratória que vise atender as necessidades de ocupação, investimento, exploração do mercado de trabalho, parcerias comerciais e de educação, relações entre Estados, difusão religiosa, ou mesmo, para simples visita de turistas que pretendam deixar recursos”.

O post originário por ser extenso pode não ter animado muito aos poucos, mas seletos, leitores desse Blog, entretanto, fazia uma reflexão crítica das causas e conseqüências do fluxo migratório continental, sem controle das necessidades estratégicas de cada país, conforme lei vigente no Brasil.

Agora, sancionada pelo operário-meu-patrão em 2 de julho do corrente, a nova
Lei 11.961/09 dispõe sobre a residência provisória para os estrangeiros que se encontre no Brasil em situação imigratória irregular, que ganhou o nome popular de Anistia dos Estrangeiros.

Não é a primeira e parece que não será a última anistia no país, em junho de 1998, a Lei 9.675, também amparou em igual condição todos os estrangeiros que residiam ilegalmente no Brasil.

Conforme declarações do apedeuta publicada no
Estadão, quando da assinatura da nova lei, “‘à política de discriminação e preconceito’ dos países ricos contra estrangeiros” e a “‘Repressão e intolerância contra imigrantes não vão resolver os problemas causados pela crise econômica mundial’, disse o presidente, lembrando sua condição de retirante nordestino que teve de migrar para São Paulo em busca de trabalho, educação e melhor condição de vida. ‘Ninguém deixa sua terra natal porque quer’, observou”.

Constava ainda na redação da matéria jornalística que “pela lei, os estrangeiros ilegais terão até dezembro para requerer residência provisória por dois anos. Três meses antes de completar esse tempo, eles terão o visto transformado em permanente e passarão a usufruir dos mesmos direitos de brasileiros natos, menos o de votar e ser votados. Eles terão plena liberdade de circulação e acesso a trabalho remunerado, educação, saúde pública e serviços da Justiça”. Complemento, direitos vigentes desde o pedido de registro provisório.

No mais está correta a matéria jornalistica quanto aos procedimentos e efeitos da lei, errando somente na espectativa de procura de regularização. Segundo publicado, conforme as fontes oficiais, devem procurar a Polícia Federal algo próximo de 50 mil estrangeiros para regularização, entretanto, fontes mais realistas falam em mais de 200 mil pessoas e outras mais alarmistas, em aproximados 400 mil ilegais. Podemos conceituar, portanto, em grave, gravíssima ou trágica as conseqüências da benesse estatal.

Para usufruir da Anistia o estrangeiro deve preencher apenas singelos cinco requisitos: 1) provar ter ingressado no Brasil antes de 1º de fevereiro; 2) Apresentar documento pessoal que conste nome de pai e mãe; 3) declarar de próprio punho que “não responde a processo criminal ou foi condenado no Brasil ou no exterior; 4) duas fotos; 5) duas taxas, uma de R$ 64,58 (taxa de registro) e outra de R$ 31,50 (para carteira de estrangeiro).

Antes de me acusarem de implicância, intolerância e mesmo xenofobia, antes de me ensinarem que o Brasil foi construído por imigrantes, que todos temos sangue estrangeiro, etc., etc., etc.... me reservo em tecer outras considerações, por tão transparente que para mim parece a questão, entretanto, coloco à reflexão aos poucos que tiveram paciência de ler esse post até o final e/ou que considerem a questão sob a ótica governista de que “Trabalho e dignidade para o migrante é a resposta que o Brasil dá à intolerância dos países ricos".

Imagine se em qualquer país do mundo, destaco, em qualquer país, um governo em determinado momento já disse mais ou menos assim, “quem está fora não entra” (até a próxima anistia), mas quem está dentro, qualquer que seja sua condição sócio-econômica-cultural-profissional, se quiser não sai mais.

28 julho, 2009

Dia do Perú

Proclamada pelo argentino José de San Martins, em 28 de julho de 1821, a independência peruana dos domínios espanhóis, tal como a nossa, estava longe de ser a consolidação da vontade popular, representando mais a troca de poder entre grupos, ou seja, entre o domínio antigo da elite subordinada ao governo central, pela elite local colonizadora, que pretendia liberdade de enriquecimento sem vínculos externos.

Tendo enfrentado pela história disputas territoriais com o Chile e Equador, consolidou sua soberania em 1999, quando a partir de então todos os litígios físicos do país andino cessaram.

Não menos turbulenta é a história econômica e política daquele país, merece ser estudada para conhecermos um pouco mais alguns efeitos reflexos no continente, alguns países, que não coincidentemente, possuem alguns traços de formação e consolidação nos seus processos de afirmação da democracia.

O Perú deu ao continente um dos maiores escritores da atualidade, Mário Varga Llosa, de quem pude ler “Conversa na Catedral”, “Batismo de Fogo”, “Pantaleon e as Visitadoras”, que virou filme, e para mim sua obra maior, “A guerra do fim do mundo”, história romanceada da nossa “Guerra de Canudos”, quando Antonio Conselheiro foi finalmente derrotado pelo exército do Cel. Moreira Cesar.

A propósito, Mario Varga Llosa concorreu à presidência do Perú em 1990, pela Frente Democrática, coligação de centro-direita, quando foi derrotado por Alberto Fujimori, uma pena para sua biografia e maior ainda para a história continental.

Sobre Fujimori, exercendo um terceiro mandado, questionável quanto a sua constitucionalidade, assumido em julho de 2000, teve seu final em novembro do mesmo ano, depois de um escândalo sobre suborno, um “mensalão peruano” se é que podemos chamar assim, já que envolvia pessoa de seu governo, seu Chefe de Inteligência, que foi flagrado em gravações de televisão subornando um político para mudar de lado.

O escândalo inicialmente político, logo passou a fazer parte de uma grande teia de atividades ilegais, inclusive desfalques, tráfico de drogas e violações de direitos humanos cometidas durante a guerra contra o Sendero Luminoso. Não havia outra saída, Jujimori foi forçado a convocação de novas eleições e se exilou no Japão.

Posteriormente, em 2005, Alberto Fujimori volta para a America do Sul, se exilando no Chile, entretanto, em 2007 a justiça daquele país atende a um pedido de extradição formulado pelo governo peruano e Fujiomori é julgado, por corrupção, evasão de divisas, enriquecimento ilícito e genocídio.

Alberto Fujimori que tem condenação em 25 anos de prisão por genocídio, ainda responde a um processo por peculato, sendo acusado de pagar uma indenização milionária ao seu ex-chefe de Inteligência, Vladimiro Montesinos, em setembro de 2000, pouco depois de estourar um escândalo de corrupção no país.

No dia comemorativo da independência peruana, em situação de rara admiração, gostaria de ver a máquina do judiciário brasileiro julgando presidentes, ex-presidentes, senadores, deputados e todos mais. Mais ainda, diante dos fatos históricos que conhecemos no Brasil, sentiria um enorme orgulho em ter também um presidente preso, cumprindo um quarto de século de prisão.

26 julho, 2009

Suspendendo o recesso

Mesmo sem tempo para administrar o Blog, não podia deixar de postar essa....

07 fevereiro, 2009

O que está acontecendo com esse país? (I)

Hibernado no Blog, pós-férias, muitas coisas estão sendo resolvidas em “prioridade”, coisas que ficaram desde o ano passado e outras que já surgiram nos primeiros dias do ano novo, entretanto, mesmo sem tempo para visitas e outros comentários, resolvo voltar a postar indagando e indignado conforme o título.

No final do ano passado, mais ou menos por outubro ou novembro, com a chegada da estação das compras, um calçadão na rua de minha casa ficou infestado de camelôs. Moro num bairro predominantemente de classe média, naquilo que chamamos por aqui de Zona Sul, ou seja, onde o poder aquisitivo dos seus moradores ainda não chegou ao ponto de ter que entrar na fila do operário-meu-patrão, para pedir uma dessas bolsas-esmola.

Voltando aos camelôs, os instalados são próprios para a localidade que resolveram ocupar, vende relógios, óculos, camisas e bijuterias com a necessária “grife” que a pequena burguesia niteroiense exige.

A instalação dos ambulantes no calçadão, a propósito, inaugurado nas vésperas das eleições municipais, incomodou bastante a um conjunto de dois blocos de belos prédios localizados a duas quadras da praia de Icaraí, afinal, a classe média quer a “grife” mais barata, mas não quer se contaminar com o verdadeiro mercado persa que se instala nas suas calçadas.

Terminadas as compras de Natal, os comerciantes informais permaneceram no calçadão, não só permaneceram os que por meses já estavam, como surgiram outros camelôs, incluindo no “shopping” a céu aberto outros produtos: DVDs, CDs, programas de computador, brinquedos e toda sorte de quinquilharia paraguaia que o dinheiro pode comprar.

Revoltados com a ocupação permanente, alguns moradores resolveram acionar o poder público, que em solução salomônica (me perdoe o Mestre), removeu os comerciantes para o quarteirão seguinte, que tem a metade de sua calçada como “calçadão”, largo e espaçoso, e a outra metade com a passagem de pedestres em tamanho regular, uma loucura, pois até nas entradas das garagens alguns ambulantes resolveram instalar suas bancas.

Ou seja, agora o calçadão inaugurado está vazio, sendo que um quarteirão depois, as calçadas estão ocupadas pelos vendedores de miçangas. E o que eu tenho com isso? Adivinhem.... moro exatamente nesse outro quarteirão recém-ocupado, tudo sob o olhar e administração da Guarda Municipal, que presenciei orientando expressamente a um dos inquilinos do passeio público: “aqui não pode mais, mas vai pra aquela área ali, lá não vamos tirar ninguém”.

O que está acontecendo com esse país? (II)

Hoje, por volta de 15 horas resolvi dar uma caminhada com meu feroz animal de estimação, um “fox paulistinha” (que agora ganhou nome de raça: Fox Brasileiro), passando pela calçada que escrevi no post anterior, pensava no que representavam aquelas pessoas ali paradas, oferecendo seus produtos em banquinhas toleradas pela muncipalidade.

Em certo momento olhei bem para uma das pessoas que administrava uma banca de óculos importados de “grifes famosas”. Num primeiro momento estranhei, achei que confundia as fisionomias, até porque o observado era um pouco mais magro e com aparência um pouco mais velha que a pessoa que eu confundia.

Segui em frente no passeio, mas na minha cabeça as pessoas eram as mesmas, tudo confirmado pelo olhar baixo que recebi no momento de meu caminho de retorno e passagem necessária pelo local, olhar de “quem faz de conta que não viu”, na verdade ele não queria ser visto ali por ninguém, nem por mim. Respeitei sua vontade, apesar de ter insistido com minha presença em ser notado, mas mesmo assim não quis me ver.

Vou chamá-lo de Moura, é o que interessa para o post. Moura quando conheci tinha uma boa agência de automóveis (multimarcas como agora chamam), dividia seu trabalho e lucros com outro colega, que mais tarde soube ter partido para o ramo de fabricar colchões, nunca mais ouvi falar sobre o fabricante de ortopédicos.

Apesar de não ser meu amigo, ficamos no campo de bons conhecidos, desde quando comprei meu primeiro carro com ele. Quis o destino por algumas vezes me fazer conhecê-lo um pouco mais e a sua família, inclusive, em certa ocasião, tive de passar em sua casa para lhe entregar um recibo de automóvel assinado que ele tinha vendido para mim, foi quando conheci sua esposa e filho.

Moura tinha um bom padrão econômico, além de sua agência, morava em uma casa em condomínio de classe média/alta, com tudo que uma boa casa de quatro quartos deve ter, além da área com piscina e churrasqueira. Sua esposa andava em carro próprio novo e o Moura usava quantos quisesse de seu estoque.

Passados alguns anos, novamente tive a oportunidade de ver o Moura, dessa vez cobrando o aluguel de uma boa loja de sua propriedade, locada a outra agência, não de carro mas de motocicletas, onde já tive oportunidade de fazer alguns negócios. Na ocasião Moura me ofereceu um cartão pessoal indicando que estaria trabalhando numa corretora de seguros, na condição de sócio.

A última vez que tinha encontrado com o Moura foi caminhando nas ruas de Icaraí, quando em companhia de sua mulher disse estar morando também no mesmo bairro, teria vendido sua boa casa sob a alegação de que precisava cortar alguns custos.

Agora novamente vejo o Moura, como narrei inicialmente não pude identificá-lo, mas quando consegui, quem não quis me ver foi ele. Sua condição de trabalho não lhe deixou confortável comigo, sua condição de camelô de óculos pirateados, não só não lhe faz bem financeiramente, como lhe envergonha ao ponto de não querer ser reconhecido como tal.

Fiquei triste pelo Moura, queria lhe apertar a mão e perguntar como vão as coisas, mas acho que o Moura não quer apertar a mão de ninguém por enquanto, e quanto a como vão as coisas, acho que ele já me disse tudo.

O que está acontecendo com esse país? (III)

O nome dele é Ricardo, conhecido pelos amigos como “Ricardo M...”, o “M” adotado como sobrenome é o nome da malharia do Sul do Brasil que representa a mais de 20 anos no Rio de Janeiro.

Ricardo é parceiro, jogou muito pôquer comigo, sempre tirava muita onda quando as cartas lhe sorriam. Também fazia “bico” quando as cartas insistiam em fazê-lo o perdedor da madrugada.

Ricardo M. sempre vendeu muito bem para os grandes magazines e mesmo para as pequenas lojas do ramo de malhas, seu produto é bom e posso atestar (também já tive uma confecção), verdadeiramente um dos melhores do país.

Nos melhores momentos, Ricardo M. abriu sua própria loja, em sociedade com Cristina, sua ex-esposa, a empreitada foi bem até certo ponto, quando achou melhor vender e prosseguir na sua estável e rentável representação.

Pois bem, não via o Ricardo a mais ou menos seis anos, depois que me separei perdi alguns contatos em razão de relações que estavam mais próximas da vizinhança de minha ex-cunhada, Ricardo morava no mesmo condomínio que ela, por várias questões deixei de frequentar o local e os contatos ficaram por conta do acaso.

Essa semana novamente abracei Ricardo M., encontrei o parceiro de pôquer quando foi tirar um passaporte. Está indo para Angola atendendo ao convite de um prefeito(!) de lá que conheceu no Brasil, vai ver como estão as coisas por Angola, conforme for, se os olhos brilharem, não descarta a possibilidade de ficar.

Em confissão final desabafou: “Zeinha, por aqui não está dando, onde eu virava 100 estou virando 30, em mais de vinte anos nunca passei o sufoco que estou passando”. Pegou o passaporte e se despediu...

22 janeiro, 2009

Labuta

Quinze dias com direito a prorrogação, foi pouco, tinha que ser mais. Acho que as férias deveriam ser de sessenta dias por ano (no mínimo), como são para os Deputados, Senadores, Juízes e tantos outros, apenas um pouco mais iguais que nós.

Trabalho porque preciso, gosto do que faço, mas gosto mais ainda de contemplar a natureza e me inteirar com o nada, ter tempo para ganhar para mim e não perder o pouco e precioso tempo de vida, nessa corrida produtiva que se tornou nossa sociedade.

Criamos um sistema que o trabalho é o sentido da vida, sem trabalho o homem não só não se dignifica, mas também não vale nada. Pensar além de perigoso, não costuma dar camisa para ninguém. Adoro pensar, mas além da camisa preciso comer, morar, me alimentar e manter outras tantas bocas mamíferas que de mim dependem.

Abro mão de contemplar e viver para dar a maior parte do meu tempo ao trabalho, digno e honesto, mas que consome quatorze horas diárias de minha vida. Honestamente, não é por opção é obrigação mesmo, fazer o que, faço minha parte.

Voltei para correr pela vida, pelo sal, pelo salário. Quanta coisa acontece em quinze dias (prorrogados), o Tarso abriga um condenado internacional sob a alegação de falha processual, tecnicamente o ato está correto, só que fico imaginando quantos estão presos no Brasil por falhas processuais grosseiras, ou que já cumpriram suas penas, mas também de forma falha, não foram postos em liberdade; Bush sai Obama entra, com pompa de imperador romano, ainda que o discurso seja perfeitamente adequado e politicamente correto para a ocasião; o operário-meu-patrão elogia o terceiro mandato do Chávez, num ano decisivo para nós, isso porque, de modo “surpreendente” (ninguém se assuste) a Dilma (recém-plastificada) poderá ser rifada, ressurgindo o apedeuta carregado pelos braços do povo à difícil tarefa de conduzi-los por mais quatro anos... quantas novidades para um ano que terminou tão morno.

Pois bem, as férias acabaram e o Blog voltou a colocar as mesas e cadeiras na calçada para quem quiser chegar. Agradeço aos que ficaram por aqui tomando conta da casa, aos amigos de sempre só tenho que agradecer.

04 janeiro, 2009

Onde está Wally?

Faltaram notícias no final de ano, sobraram reprises que não valiam a pena ver de novo.

Papai Noel continuava gordo, barbudo e com sua roupa vermelha, me lembrando muito um certo “sapo barbudo” que tenho engolido nos últimos anos. O espírito de Natal permaneceu perdido pelos corredores dos shoppings superlotados, que confesso que tive de percorrer.

E o “ano velho que vai, no novo que já nasceu”, não tem nada de novo para ser comemorado(nossa, estou ácido, ranzinza e amargo!).

Faltam boas novas. Obama já está velho antes de começar, desgaste midiático natural da superexposição; a guerra continua em Gaza e a ONU ainda é somente uma reunião de homens muito educados, mas sem nenhum poder decisório; os novos prefeitos assumem seus municípios, todos como esperado, quebrados, faltando da luz aos salários; o milagre “nunca antes na história desse país”, que não passa de truques de um mágico vigarista roubando os tostões de uma platéia faminta, que aceita o “pão e o circo” como única alternativa à miséria escondida na manga, ainda geram índices fantásticos de aceitação e popularidade.

Passou o Natal e os fogos de final de ano se dissiparam no ar, muito barulho, muitas luzes e cores, nenhum resultado prático.

Pois bem, aproveitando a falta de estórias novas e o mau-humor que resolveu dar uma passadinha aqui por casa, paro até dia 15, férias totais.

Aos amigos deixo uma mensagem de esperança. Eu não sou eterno, “ele” não é eterno, nada é eterno, ou melhor, como diria Fagundes Varela:

Cantemos o amor e o vinho,
As mulheres o prazer,
A vida é um sonho ligeiro,
Gozemos até morrer.
Tim, tim, tim
Gozemos até morrer.