Minhas opiniões e publicações, expostas neste espaço, são reflexões acadêmicas de um cidadão-eleitor, publicadas ao abrigo do direito constitucional da liberdade de expressão

"Por favor, leia devagar." (Ferreira Gullar)

30 abril, 2006

Essa nos já perdemos

A foto está publicada neste domingo pelo O Globo, mostra o exército boliviano “protegendo” as instalações de gás da Petrobrás, localizadas em San Antonio.

São mais de US$ 1.000.000.000 (um bilhão de dólares) investidos pela empresa, leia-se pelo Brasil, leia-se por nós, naquele país, que estão sendo defenestrados sob o olhar passivo do operário-meu-patrão. Estratégico e significativo patrimônio nacional que já nos parece perdido.

Alguns países no mundo chegariam ao ponto limite da ameaça de intervenção armada em solo alienígena, para garantir sua soberania e fazer valer contrato de investimento tão vultoso. Não defendemos ação tão rigorosa, mas também não admitimos assistir de maneira tão subordinada e negligente, a expropriação do patrimônio nacional, sob o argumento de proteção de reservas energéticas daquele país.

A ameaça xenofóbica boliviana deve ser tratada pelo Brasil não como um sonho continental de libertação, como vem sendo entendido até agora pelo operário-meu-patrão, muito pelo contrário.

O governo boliviano ao expulsar de seu país um investidor que pretendia a construção de termelétrica na fronteira com o Brasil (
leia mais), ou diante da expropriação das instalações da Petrobrás ora em curso, o que particularmente nos atinge como país interessado, sob o olhar inoperante do governo brasileiro, afugenta novos investimentos na América do Sul como um todo, alvejando por via oblíqua o crescimento brasileiro, que passa a ser confundindo no todo com um continente de risco para o capital produtivo internacional.

25 abril, 2006

Laranjal do Garotinho


Acompanhando as “Informações e opiniões” de Cesar Maia, difundidas por e-mail, desde que encerrou as atividades de seu Blog, destaco três notas sobre o pré-candidato pelo PMDB à Presidência da República, Antony Matheus GAROTINHO, envolvido até o pescoço com sua plantação de laranjas.
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1ª - VOCÊ CONHECE ALGUMA EMPRESA DE INFORMÁTICA QUE NÃO TENHA SITE NA INTERNET ?
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NÃO ?
AH.....AS TRÊS EMPRESAS DE INFORMÁTICA, DOADORAS DE DINHEIRO PARA O
GAROTINHO SÃO AS ÚNICAS DO MUNDO QUE NÃO TEM.
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SÃO ELAS:
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Inconsul Informática e Consultoria de Projetos
Virtual Line Projetos e Consultoria de Informática Ltda
Emprin Empresa de Projetos de Informática Ltda.
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2ª - Doadores de Garotinho têm sedes de fachada
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As quatro empresas que o PMDB diz terem doado R$ 650 mil para
financiar a campanha do pré-candidato Anthony Garotinho não prestam serviço ou
não funcionam nos endereços que forneceram. Uma delas informou ter
escritório no quinto andar de um prédio em Rio Bonito que só tem quatro
pavimentos. O PMDB diz já ter gastado R$ 723 mil na campanha.
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3ª - SOBRE O LARANJAL DO GAROTINHO ! COINCIDENTEMENTE EM RIO BONITO, EX-CAPITAL DA LARANJA !
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Ex-mulher de preso em Bangu diz que casal serviu de laranja; ele deixou a sociedade neste mês.
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Empresa de assaltante aparece entre doadoras a Garotinho.
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José Onésio Rodrigues Ferreira, 33, assaltante que cumpre pena no complexo penitenciário de Bangu (zona oeste do Rio), é fundador da empresa Virtual Line Projetos e Consultoria de Informática, que teria doado R$ 50 mil à pré-campanha de Anthony Garotinho (PMDB) à Presidência. Seu nome saiu da sociedade neste mês. A doação ocorreu em fevereiro, quando Ferreira era sócio. A Virtual faz parte de lista de empresas divulgadas como doadoras. Algumas têm endereços fictícios em Rio Bonito (70km do Rio), conforme publicou o jornal "O Globo" no domingo. Antes de ser preso, há dois meses, Ferreira morava em uma vila no pé do Tuiuti (São Cristóvão, zona norte), morro controlado pela facção criminosa Comando Vermelho. Sua ex-mulher, Sarajane Aparecida Luz Costa, também é ex-sócia da firma. Seu endereço residencial fica dentro da favela."Fomos laranjas. Não ganhei nada para fazer isso. Moro em um cômodo no porão da casa da minha mãe, na favela, com dois filhos. Sou depiladora e ganho R$ 385 por mês", disse Sarajane à Folha, em entrevista por telefone.

O mais engraçado é que até agora nenhum dos demais candidatos ao cargo de mandatário maior da República, resolveu botar a boca no trombone, denunciando com veemência o “caixa dois” fluminense.
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Do que se conclui que na verdade, todos sonham em dar uma boa golada do suco deste laranjal após a convenção do PMDB.

23 abril, 2006

Investigação parlamentar


“A CPI dos Bingos perdeu o objetivo inicial de suas investigações, comprometendo sua eficácia e sua base jurídica, podendo até mesmo acarretar na anulação de seu relatório final. Esta é a conclusão de uma consulta feita por Última Instância a três especialistas em direito constitucional, que comentaram as conseqüências a respeito da diversidade de assuntos abordados pela comissão.
Eles foram indagados se a CPI dos Bingos não está saindo de seu núcleo de apuração, e se tal fato não violaria artigos constitucionais. Todos responderam enfaticamente que sim, e citam, em voz unânime, o § 3º do artigo 58 da Constituição Federal, no trecho que diz: "As Comissões Parlamentares de Inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais (...) serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal (...) para a apuração de fato determinado e por prazo certo...".” (Leia Mais)

Sem dúvida, assiste parcial razão aos ilustres constitucionalistas em seus comentários, especificamente quanto a referência à apuração de “fato determinado”, entretanto, não entendemos da possibilidade anulatória do relatório final da CPI dos Bingos e, ainda que assim ocorresse, nenhuma conseqüência relevante ocorreria, no atual estagio que se encontra a investigação, qual seja, terminada e relatada.

A matéria assusta pelo emprego de expressões contundentes como “inconstitucionalidade”, “anulação” e “perda de eficácia”, mas não passa disso. Para ouvidos e leitores menos familiarizados, estaríamos diante do caos, da desmoralização completa e final, seria a prevalência da forma sobre a materialidade, ou mais ou menos como se o homicida escapasse de sua condenação porque seu nome fora grafado com “s” e não com “z” no processo, forma registrada em cartório. Discordamos da tese inicialmente apresentada pelos juristas e vamos dizer porque. (Leia no Escabinos)

22 abril, 2006

A esperança vencendo o medo


Nem tudo está perdido, afinal, o operário-meu-patrão começa a seguir os passos dos estadistas (Mercadante o classificou assim).
Na trilha de Getúlio Vargas besuntou a mão em óleo cru, quando anunciou a auto-suficiência brasileira em petróleo, no Rio de Janeiro.

Com um pouco de sorte a história se repete, e quem sabe, em breve teremos um suicídio pra comemorar.

Só para não passar em branco


Crime é crime e está acabado, o resto, é so encheção de lingüiça.
Advocacia administrativa:

"É um dos crimes praticados por funcionário público contra a adminstração em geral. Consiste em patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário. A pena prevista é de detenção, de 1 a 3 meses, ou multa. Se o interesse for ilegítimo, a pena será de detenção, de 3 meses a 1 ano, além da multa. Veja Art. 321 do Código Penal". (fonte: Dicionario Juridico - DireitoNet).

“OBRIGADO TÊLE”

“O Fio de Esperança” / Telê Santana

Pode-se dizer de tudo de Telê Santana: que foi o maior treinador de futebol dos últimos tempos, e não se estaria exagerando em nada; que comandou a mais bela das seleções que o Brasil já teve e que, apenas por um capricho do destino, não foi consagrada com o título de campeã mundial; que como bicampeão estadual em São Paulo, bicampeão da “Libertadores das Américas” e bicampeão mundial de clubes nos anos de 92/93, mostrou que o futebol pode ser mais que eficiente, pode ser bonito de se ver. Enfim, pode se falar tudo do Telê Santana, mas uma coisa para mim é fundamental, Telê era tricolor de coração.

Telê começou a carreira de jogador profissional em 1951 nas Laranjeiras. Torcedor confesso, permaneceu no Fluminense até 1960, ano que se transferiu para o Guarani. No final de carreira, em 1963, "O Fio de Esperança", como era carinhosamente chamado pela torcida do Flu, foi defender o Vasco da Gama, seu último clube. Mas as razões profissionais nunca afastaram seu coração do Tricolor das Laranjeiras, tendo retornado ao clube no final dos anos 60, para atuar desta feita como técnico.

Uma das formações do timaço que o Fluminense montou nos anos 50. Em pé: Píndaro, Jair Santana, Édson, Pinheiro, Castilho e Bigode. Agachados: mestre Telê Santana, o peruano Villalobos, Marinho, Róbson e Quincas.

A propósito, pela morte de Telê, o presidente do Fluminense Roberto Horcade decretou luto oficial de três dias e, como homenagem póstuma, os jogadores que entrarão hoje em campo com uma tarja preta nos seus uniformes, respeitarão um minuto de silêncio antes do jogo deste sábado entre Fluminense e Goiás, no Maracanã.

Todas as homenagens ao ex-desportista não serão suficientes para retribuir tudo que ele representou para o Fluminense, para o futebol, para o esporte e para o Brasil. Nesses tempos em que faltam os referenciais morais, em que mesmos os mais baixos valores de negociatas, são sempre superiores a própria dignidade, Telê é uma das poucas unanimidades nacionais, não só por sua postura profissional, como também por sua vida pessoal inatacável.

O Blog do Ozéas, tricolor declarado como seu titular, não poderia deixar de fazer esse registro, prestando homenagem a quem merece ser lembrado. Recordando uma singela faixa tricolor, esticada na mureta das arquibancadas do Maracanã, que dizia em poucas palavras todo o respeito e carinho da torcida, por tudo que representou, desde os tempos de atacante no juvenil do Fluminense até sua conquista do campeonato carioca de 1969, essa última como técnico: “OBRIGADO TÊLE”.
Campeâo Carioca de 1969: da esquerda para a direita: Claudio Garcia - Wilton - Félix - Samarone - Galhardo - Assis - Lulinha e Cafuringa.

18 abril, 2006

Se botar grade vira presídio, se subir o muro vira hospício, se cobrir com lona vira circo


Charge Paixão / Gazeta do Povo - Paraná

Cassino Brasil


A proibição do jogo no Brasil tem seu lado criativo, afinal todos jogam, nós jogamos, quem não joga?

É Raspadinha, Mega-Sena, Dupla-Sena, Quina, Loteria Federal e Estadual, Lotofácil, Lotogol, Loteca, To Rico, corrida de cavalo, jogo do bicho, bingo cantado ou na “maquineta” (com liminar), bingo nos campos de várzea (sem liminar), carteado e roleta clandestina, jogo das argolas e de dardos nos parques de diversão e outras mil modalidades de emoção...

Conforme a legislação em vigor, só quem pode explorar a “proibição” é o Estado, que teoricamente destina a “parte do leão” para o desenvolvimento esportivo-cultural-social-beneficente-escoteiro, o que tem gerado muitas dores de cabeça para os “investidores” do ramo, desde os mais clássicos “corretores zoológicos” até aos mais modernos “bingueiros”, que não conseguem avançar na concorrência e são jogados nos guetos da contravenção.

Todo mundo quer um pedaço do bolo, ou melhor, todos querem disputar uma mesinha de apostas, ainda que não seja de bacará ou de 7 ½, o que importa é participar desse bolão nacional.

A criatividade dos “investidores” brasileiros é digna de admiração em todas as partes do planeta, como exemplo e a propósito, apontamos a Tele Sena, que é na verdade uma aplicação em títulos de capitalização, um senhor investimento para seus fieis clientes, conseguindo ser o único título no mundo que atrai seu mercado com proposta firmada em contrato, no verso do título, de remuneração pela metade do valor da aplicação inicial, isso ainda no final de doze meses.

Melhor que isso só outro produto do mesmo grupo, o afamado carnê do Baú da Felicidade, onde são ignoradas todas as regras modernas de financiamento, quando o cliente retira o produto já no ato da compra (leasing, alienação fiduciária, CDC...), trocando por uma compra parcelada em que o bem só estará à disposição no final da quitação de todas as doze prestações. Também não importa ao comprador do Baú que o produto adquirido, ainda a ser escolhido em loja, de duvidoso gosto e limitado estoque, tenha seu preço por vezes majorado em mais de 100% ao praticado comumente pelo mercado.

O que esconde todo esse processo de investimentos negativos ou de retrocesso mercantil, não é nada mais nada menos que o jogo, disfarçado e embutido como “promoções” e “sorteios” de prêmios, patrocinado pela capitalização ou pelo bom comerciante que “presenteia” seus fieis clientes com casas, carros ou mesmo barras de ouro.

O negócio é bom e como diz o ditado, no prato onde se come um, comem dois ou mais. A Rede Globo, ética e sempre politicamente correta não poderia ficar de fora desse mercado, como verdadeiramente nunca deixou de fazer. Tal como seu concorrente mais popular o Senor Abravanel, também apresenta vez por outra sua Tele Sena premiada, com um pouco mais de glamour, brilho e missão.

Lembro bem da revista “Show de Gols” na Copa do Mundo de 2.002, alardeada e vendida pelo cansativo apresentador global Fausto Silva. Por R$ 2,90, vendeu mais de 10 milhões de exemplares (isso mesmo!), onde o cliente comprava “informações” sobre os jogos e ainda depositava um cupom que vinha encartado no “periódico” numa das milhares de urnas espalhadas pelo país, para concorrer durante as transmissões a uma centenas de carros zero quilometro. Jogo, puro jogo disfarçado, até porque ninguém nunca lia nenhuma matéria publicada no pseudo-informativo, e o mais engraçado ainda, não raras vezes o leitor comprava dezenas de revistas de uma mesma edição.

Pois bem, em mais um lance de criatividade, desta vez associada com tecnologia celular, a Rede Globo novamente se prepara para “informar” seus clientes e de quebra, prestigiar e premiar àqueles que sejam fanáticos por futebol e ávidos por suas noticias.

Assistindo a programação global neste domingo pascal, no intervalo do futebol, vejo uma “chamada” do Faustão para uma nova modalidade de “informação”, mas como disse o carismático apresentador, “só para quem tem celular”.

A brincadeira agora ficou mais simples e elimina o maior problema da antiga revista “Show de Gols”, logística e distribuição, até porque existiram em 2.002 casos de cobrança de ágil para compra dos cupons disfarçados de revista esportiva, o que atrapalhou a “promoção”.

Pelo que entendi, a novidade consistirá no envio de “torpedos” para operadoras de celulares, onde o “torcedor” solicitará um pacote de informações sobre os jogos, certamente o comprador das notícias, que também serão transmitidas por “torpedos”, receberá um número ou controle, e não por coincidência, estará concorrendo a milhões em prêmios. Tudo porque ama o futebol, ama a informação e ama o Brasil.

Jogo descarado e deslavado, isso é o que está embutido em mais essa “promoção milionária”, até porque TODOS agora poderão concorrer sem constrangimentos ou limitações, desde a vovó que não tem tempo ou saúde para sair de casa na disputa de um cupom, até a criança que possui um telefone móvel à disposição para emergências escolares ou domesticas, é o jogo liberado na era digital, sem restrições de idade, cultura e mesmo condição social, facilitado ao máximo e com autorização da Receita Federal.

Outra certeza é que se poderá comprar quantos pacotes informativos quiser e que se receberá pelo serviço, meia dúzia de “abobrinhas” sobre a competição além mar. Mas afinal o que importa é torcer pelo Brasil e ficar por dentro da Copa.

As regras do negócio ainda não foram divulgadas para a torcida verde-amarela, mas a novidade vai golear facilmente qualquer Mega Sena acumulada.

Nada mal para um país que tem mais de 60 milhões de aparelhos telefônicos celulares e que adora uma jogatina.

17 abril, 2006

Medida Provisória X Lei orçamentária


Leio nos jornais de hoje que o operário-meu-patrão “queixou-se do atraso do Congresso na votação do Orçamento deste ano e disse que o governo ‘não pode ficar parado’ diante dessa demora. Por isso, segundo ele, o Executivo precisou editar medidas provisórias para liberar verbas federais. ‘Afinal de contas, tem muita coisa em andamento no Brasil e nós precisamos de dinheiro para poder tocar as obras’, justificou-se.

Lula vem sendo criticado pela oposição por essa liberação de recursos via medida provisória que, até a semana passada, somou cerca de R$ 24 bilhões (para gastos de empresas estatais e ministérios). Depois de vários meses de entrave, a expectativa agora é de que a proposta orçamentária vá para votação nesta terça-feira”
Diário do ABC.

Assiste razão a oposição quanto a inconstitucionalidade das medidas adotadas, não tanto pela discussão de fundo ideológico ou mesmo eleitoral, mas por questões que são imperativas no estado de direito.

Examinando-se sucessivamente os artigos a seguir transcritos, onde tomamos o cuidado de grifar os pontos principais à correta interpretação e aplicação da Lei Maior, verifica-se mais uma vez, que o governo desconhece a vontade do legislador constituinte ou faz questão de ignora-la. O operário-meu-patrão atropela a Constituição, quando através do uso de instrumento impróprio, adotando Medida Provisória em matéria expressamente vedada, configura gritante inconstitucionalidade.

Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
...
III – os orçamentos anuais

Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submete-las de imediato ao Congresso Nacional.

§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:

I – relativa a:
...
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º;

art. 167. ...:
...
§ 3º A abertura de crédito extraordinário somente será admitida para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública, observado o art. 62.(quanto à vedações - grifo nosso)

No
estado de direito a lei funciona como limitadora das atividades do governante de plantão, ou seja, o governante não está autorizado a fazer se não quando autorizado por lei, entendendo-se portanto, como estado de direito “aquele no qual a legalidade é critério observado pelo exercício do poder”.

Violar a Constituição federal sob o argumento da governabilidade seria o equivalente a autorizar atividades de grupos de extermínio, como forma de se conter a violência. Justificar a violação da Constituição sob o pretexto da paralisia que estaria sendo imposta à administração pública, é tão grave quanto justificar o fechamento do Congresso Nacional pela ausência de maioria governamental nas casas parlamentares.

Não há possibilidade de gastos governamentais senão através da lei orçamentária, salvo quando a própria constituição assim excepcionar, o que não é o caso em questão, sob pena de responsabilização do governante: “Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra: ... VI – a lei orçamentária” (CR/88).

A questão vai longe ainda, ou pelo menos até que se aprove o orçamento desse ano. A questão é política e como tal deveria ser tratada, longe dos tribunais, ilegítimos à discussão apresentada, mas ao que tudo indica e se tem lido, será o Supremo Tribunal Federal quem novamente viabilizará a governabilidade do operário-meu-patrão.

16 abril, 2006

A bomba d'agua


Nesse dia de Páscoa visitando os amigos, dei uma passada no Outras Letras do Alexandre, onde achei o belo texto a seguir publicado. Não poderia deixar de repartir com todos a bela estória “A bomba d’agua”.

Um homem estava perdido no deserto, prestes a morrer de sede. Eis que ele chegou a uma cabana velha, quase caindo aos pedaços. Encontrou uma sombra onde se acomodou, fugindo do sol desértico.
Olhando ao redor, viu uma velha bomba de água, bem enferrujada. Ele se arrastou até a bomba, agarrou a manivela e começou a bombear, a bombear, a bombear sem parar. Nada aconteceu.
Desapontado, caiu prostrado, para trás.
Logo notou que ao seu lado havia uma velha garrafa. E, na garrafa tinha um recado que dizia: "Meu amigo, você precisa primeiro preparar a bomba derramando sobre ela toda água desta garrafa. Depois, faça o favor de encher a garrafa outra vez, para o próximo viajante."
O homem arrancou a rolha da garrafa e constatou que ela estava quase cheia!
De repente, o dilema. Se bebesse aquela água, poderia sobreviver. Mas, se despejasse a água na velha bomba enferrujada e ela não funcionasse morreria de sede. O que fazer? Despejar a água na velha bomba e esperar a água fresca ou beber a água da velha garrafa e desprezar a mensagem?
Com relutância, o homem resolveu despejar toda a água na bomba. Em seguida, agarrou a manivela e começou a bombear e a bombear. A velha bomba d’água pôs-se a ranger e a chiar sem fim. De repente, surgiu um fiozinho de água, depois um pequeno fluxo e, finalmente, a água jorrou com abundância!
O homem, aliviado, matou a sede com água fresca e cristalina e depois voltou a encher a garrafa para o próximo viajante. Encheu a garrafa até o gargalo, arrolhou e acrescentou a nota: "Creia, funciona. Você precisa dar toda a água antes de ter de volta."
Nós podemos extrair várias lições desta história.
Quantas vezes temos medo de iniciar um novo projeto, pois este demandará um enorme investimento de tempo, recursos, preparo e conhecimento?
Quem teme o desconhecido, ou se sentiu inseguro na hora da decisão?
Quantos ficam parados satisfazendo-se com pequenos resultados, quando poderiam conquistar significativas vitórias?
Quantos se satisfazem com a esmola, ao invés de buscarem a fonte de renda?
Quantos esperam receber o peixe e nunca tentaram ou foram estimulados a pescar?
Aproveitando o tema predileto do Presidente da República: num estádio de futebol quantos são aqueles que apenas VÊEM as coisas acontecerem e quantos são aqueles que FAZEM as coisas acontecerem?
E você? De qual lado está?
O que falta para despejar esta garrafa de água velha que você guarda e está prestes a beber e trocá-la pela possibilidade de conseguir água fresca em abundância de uma nova fonte?

15 abril, 2006

Feliz Páscoa


Na Páscoa celebramos a Ressurreição de Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus, imolado para salvação e libertação de todos os nossos pecados.
Deus amou o homem de tal maneira que deu seu filho como sacrifício, para que todos tenhamos vida, vida em abundância.
Nessa Páscoa mais que chocolates e presentes, troquemos a alegria da vida, por aquele que não mediu esforços para nos libertar.
Meus amigos, Feliz Páscoa para todos.

08 abril, 2006

Feijões

Não é novidade para ninguém que o envio do “cosmonauta” brasileiro Marcos Pontes a Estação Espacial Internacional (ISS), custou só de passagem na Soyuz (já incluída taxa de embarque) a bagatela de 10 milhões de dólares.

Sustentam os defensores do “Gagari” tupiniquim que sua façanha abrirá o caminho para muitos jovens brasileiros, pretendentes à pesquisa e a exploração científica, além do que, as experiências realizadas(?) por Marcos Pontes serão úteis ao conhecimento e avanço científico nacional.

Ao optar pela “conquista do espaço” o país abriu mão, por exemplo, da oportunidade de formar no mínimo 463 Pós-Doutores de nível internacional, nas mais diversas áreas do saber, isso em razão de uma política científica equivocada, ufanista e despreparada.

Explico, o valor pago pelo governo federal à um bolsista de Pós-Doutorado nos EUA (poderia ser em qualquer parte do mundo, com valores equivalentes), é de US$ 1.800 mensais (fonte:
tabela CNPQ), levando em conta que um curso de Pós-Doutorado tem duração média de seis a doze meses (fonte: normas CNPQ), um cientista formado nos EUA, custa ao Brasil US$ 1.800 X 12 meses, ou seja, US$ 21.600 dólares. Se dividirmos os US$ 10.000.000 pelo custo individual de cada bolsista, chegaremos aos equivalentes 463 formados. Portanto, a aventura brasileira no espaço poderia ter criado uma reserva científica significativa, nos mais variados campos de conhecimento e pesquisa.

Tal como nos contos de fadas, onde João trocou sua velha vaca por grãos mágicos de feijão, trocamos 463 cientistas top de linha, por meia dúzia de brotos germinados na gravidade zero. A diferença é que na estorinha a vaca era do João e no final havia uma galinha que botava ovos de ouro, pagando todo prejuízo de seus sonhos, aqui na realidade, quem acaba pagando a conta somos nós.

Cinema Nacional


Sem muito que comentar, afinal o cheiro é mesmo desde o início, de novo só as moscas. Coloco a disposição dos leitores do Blog dois filminhos para diversão no final de semana. É só Clicar Aqui, aproveitem antes que saia de cartaz.

07 abril, 2006

Golpismo


“MANIFESTO REPUBLICANO EM DEFESA DA CONSTITUIÇÃO: DENUNCIANDO O GOLPISMO DA PEC 157

Perigosamente ganha corpo a proposta de convocação de uma Assembléia Constituinte revisora. A tese avança – à socapa – através da “repristinação” de uma antiga PEC – Proposta de Emenda Constitucional (157), que pretensiosamente quer fazer do Congresso, a ser eleito em 2006, uma constituinte revisora, autorizada a proceder alterações ditas necessárias (sic), com o quorum de metade mais um (e não de 3/5, como exige a Constituição).

A tese, a par de ser absolutamente golpista, coloca por terra toda as conquistas democráticas que o constitucionalismo e a teoria da Constituição nos legaram. Motivo de perplexidade no resto do mundo, como explicaremos que o fundamento jurídico para a convocação é o de que “o poder constituinte é uma ficção”(sic), conforme consta no parecer do relator, Dep. Michel Temer? Em quase dezoito anos, passamos por crises econômicas, reformas constitucionais e um impeachment. Tudo na mais plena normalidade, exatamente porque vivemos em uma democracia. A democracia brasileira funciona. E funciona exatamente porque está sustentada em princípios democráticos, previstos na Constituição da República”. Leia todo manifesto

02 abril, 2006

“Barriga”


Conforme publicado no último post, o Blog do Ozéas denunciou a tentativa de armação do Palocci para continuar à frente do Ministério da Fazenda e não perder a prerrogativa de foro do Supremo Tribunal Federal. A propósito, tal tentativa não foi vislumbrada por nenhum órgão da chamada grande imprensa, que com habitual regularidade, confunde o leitor e é confundida pelos mais experiente da máfia palaciana no trato jurídico de seus atos.

A “carta de afastamento”, conforme agora ficou provado, tinha outra intenção, pretendia remediar e empurrar para baixo do tapete o desfecho da demissão e a conseqüente investigação, que só poderia ser procedida através de inquérito especial conduzida pelo Procurador-Geral da República. Acontece que o operário-meu-patrão não teve coragem de “bancar” mais essa aventura política e exonerou o ministro criminoso.
Leia toda a matéria

“Por telefone, Palocci chegou a pedir ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que não fosse demitido, mas afastado temporariamente. Lula, porém, respondeu secamente que não dava. Havia acabado de ser informado de que não havia mais dúvida de que Palocci ordenara a violação do sigilo do caseiro, apesar de o então ministro ter negado isso várias vezes no decorrer do imbróglio”.

...

“O presidente disse a Palocci que, diante das circunstâncias, ele deveria deixar o governo. O auxiliar pediu que não fosse demitido, mas afastado, a fim de tentar provar sua eventual inocência e retornar ao posto. Lula não aceitou”.


O Blog do Ozéas após a publicação do post, acompanhando o desenrolar da estória, chegou a achar que tinha produzido uma “barriga” (no jornalismo é sinônimo de notícia ou informação falsa), mas volta satisfeito agora a comentar o assunto, afinal não eram infundadas suas razões iniciais. Com essa quadrilha, todo cuidado é pouco.