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"Por favor, leia devagar." (Ferreira Gullar)

17 julho, 2005

Final do tunel

Durante muito tempo se dizia que, quando o morro descesse ao asfalto a burguesia viveria seu momento derradeiro.
Interessante que alguns ideólogos e cientistas políticos de ocasião, chegaram mesmo a formular para alguns chefes de governos estaduais, estratégias de convivência com aqueles que seriam os futuros guerrilheiros da libertação nacional.
Pactos de não agressão foram firmados entre governantes e o tráfico de entorpecentes, o morro não descia e a polícia não subia. O populismo aceitava as regras do bandido, em nome de suposta preservação da segurança da absoluta maioria dos moradores das comunidades mais pobres, vítimas constantes dos abusos policiais e da imediatista tranqüilidade da classe média.
Com a tranqüilidade necessária, os tentáculos do tráfico de entorpecentes se expandiram e avançaram no asfalto, invadindo as famílias de classe média e alta, passaram a exigir resgates e pedágios ao exercício da liberdade e o do direito de ir e vir. Abusaram porque sempre foram atendidos pelas autoridades encarregadas nas suas exigências iniciais.
O pior realmente aconteceu, desceram ao asfalto, não como lutadores/defensores das classes oprimidas, mas como bandidos egoístas que querem o poder e o dinheiro do cidadão trabalhador. Usam e abusam da violência, onde a vítima dependendo de quanto tenha no bolso para “perder”, ou da carteira funcional que porte, está condenada a morte.
Não vivemos uma guerrilha urbana, ao contrário do que se fala desmedida e ignorantemente sobre o assunto, vivemos sim um clima de insegurança e incerteza com a violência mais banal de todas, a do ladrão sem ideologia ou propósitos, senão o da apropriação do trabalho alheio através de seu patrimônio pela via da extorsão e crueldade.
É passado o tempo de se exigir avaliações e providências na questão, já é tarde a hora de agir num combate frontal e incessante, sem medo das urnas e sem ilusões ideológicas.
A propósito, nas palavras de um especialista:


“O guerrilheiro urbano é um homem que luta contra uma ditadura militar com armas, utilizando métodos não convencionais. Um revolucionário político e um patriota ardente, ele é um lutador pela libertação de seu país, um amigo de sua gente e da liberdade. A área na qual o guerrilheiro urbano atua são as grandes cidades brasileiras. Também há muitos bandidos, conhecidos como delinqüentes, que atuam nas grandes cidades. Muitas vezes assaltos pelos delinqüentes são interpretados como ações de guerrilheiros.
O guerrilheiro urbano, no entanto, difere radicalmente dos delinqüentes. O delinqüente se beneficia pessoalmente por suas ações, e ataca indiscriminadamente sem distinção entre explorados e exploradores, por isso há tantos homens e mulheres cotidianos entre suas vítimas. O guerrilheiro urbano segue uma meta política e somente ataca o governo, os grandes capitalistas, os imperialistas norte-americanos”.
(Mini-Manual do Guerrilheiro Urbano) Carlos Marighella – 1911/1969

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