Minhas opiniões e publicações, expostas neste espaço, são reflexões acadêmicas de um cidadão-eleitor, publicadas ao abrigo do direito constitucional da liberdade de expressão

"Por favor, leia devagar." (Ferreira Gullar)

07 setembro, 2005

Flagelo da humanidade

Em foco a questão da superlotação carcerária na Polinter do Rio de Janeiro, depois da divulgação de um “documento” onde os presos teriam sido obrigados a declarar a qual facção criminosa pertenceriam e eram obrigados a assinar uma declaração assumindo responsabilidade por sua integridade física em celas onde há predominância da facção criminosa Comando Vermelho, divulgado por jornais locais no Rio de Janeiro, o Ministério Público resolveu agir com mais rigor.
Com capacidade para abrigar algo em torno de 250 custodiados em 21 celas, a carceragem da Polinter tem mais de 1.600 presos em suas dependências. Com a média de 20 centímetros quadrados por preso em cada cela, os mesmos se alojam em até três andares improvisados com lençóis, se revezam tanto para o uso do sanitário, como para ficar de pé por algumas horas durante o dia.
Sem ventilação, sem luz do sol, com uma refeição diária e a entrega de um pão ao final da noite, além de ser cobrado flagrantemente pelo pessoal da carceragem de 50 a 150 reais para visitas fora dos dias horários apropriados, essa é uma breve noção da bomba armada no cárcere brasileiro.
Diante desse resumido quadro, o Ministério Público resolveu pedir ao Judiciário Estadual a aplicação da multa de dois mil reais por dia que deixar de cumprir a decisão proferida já em 2002, onde ficou determinado que os 1.600 presos existentes na Polinter, fossem reduzidos para pelo menos 250.
Na verdade em nossas hipocrisias coletivas, torcemos para que eles se matem mutuamente e nunca mais voltem para as ruas, só que isso não acontece e temos que conviver mais cedo ou mais tarde com o fruto de nossos ódios e com o lixo jogado para baixo do tapete.
Quem conhece o cárcere brasileiro não precisa temer o inferno.

6 comentários:

Anônimo disse...

gostei do texto sobre 7 de setembro

abraço mestre

Paola de Andrade Porto disse...

Estava começando a responder quando percebi ficou um texto enorme. Resolvi postá-lo no meu blog a sua resposta.

Alice disse...

Um lado meu pensa , isso não é humano .
O outro lado pensa ...( melhor não colocar o que esse lado pensa ) .
E meu coração fala :não pode ser um depósito,é preciso dignidade, trabalho,nem que for para quebrar pedra com bolas no pé .
Mente vazia oficina do diabo .

Elaine disse...

É, esse texto do amigo ozeas fez com que eu lembrasse de um mini conto sobre o sistema carcerário no brasil. É um mini conto infantil "Severino o ladrão de galinhas e João Brejeiro, mais conhecido como João Brejeiro ladrão de galinhas e quebra pescoço" Vou fazer uma busca em meu arquivo e se encontrar posto lá para vocês.
Alice não se recrimine, por muitos anos eu achava que todos deviam explodir dentro do presídio tamanho o medo que tinha dos presos, mas hoje também acho que apesar dos crimes, um mínimo de dignidade eles precisa ter, e isso, leva exatamente ao que vc falou. Trabalho, muito trabalho. E inclusive, trabalho para eles se manterem e não para nós pagarmos suas "estadias" dentro dos presídios.

Elaine disse...

digo, precisam ter...

Alice disse...

È Elaine ,antigamente tinha pavor e tbm queria que explodissem ( perdi uma amiga ,foi morta por 6 coisas,nem gosto de lembrar o que fizeram com ela ),antes disso ,era um mundo que nao fazia parte da nossa realidade,era coisa de jornal de tv, aqueles que as pessoas assitem e escorre sangue :(
Qdo a revolta diminui ,a dor tbm ,é preciso pensar , eles não podem sair piores do que entram e mais ,não é justo quebrarem td e a conta sempre é nossa .
Deu prá entender , né ?