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"Por favor, leia devagar." (Ferreira Gullar)

03 março, 2006

Dever de casa

O governo norte-americano criticou ontem o Brasil por sua atuação contra a lavagem de dinheiro. Segundo os Estados Unidos, apenas 2,5% das atividades financeiras consideradas suspeitas são na prática investigadas pelas autoridades competentes no país.
A Casa Branca também voltou a incluir o Brasil na lista dos 20 principais países que servem como rota ou são grandes produtores de narcóticos, elogiando, porém, a ação da Polícia Federal no combate ao tráfico internacional
”.
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A matéria merece ser lida, saiu publicada na Folha de São Paulo e foi reproduzida no site da FENAPEF.

Enquanto não forem desenvolvidas atividades de inteligência articuladas entre todas as forças policiais do Brasil, enquanto a corrupção não for atacada de maneira uniforme por todos os governos estaduais, enquanto os policiais não forem estimulados e preparados para esse combate sem fronteiras, estaremos servindo ao enriquecimento criminoso dessa nova potência econômica e política mundial que é o narcotráfico.

Outra questão importante é que o Brasil não faça só o dever de casa americano, esquecendo suas obrigações com o cidadão brasileiro. Estrategicamente como política de segurança pública, optar pelo ataque a rota que o país se tornou, pode ter conseqüências internas sérias, a droga não tendo mais o “corredor de passagem” assegurado, poderá optar por permanecer em solo nacional. Há inclusive quem sustente essa tese de maneira mais incisiva, afirmando que o aumento do consumo interno e o conseqüente crescimento do crime organizado no Brasil, é decorrente de uma política americana de combate a entrada de drogas em seu território.

Combater a rota no Brasil sem dúvida é fundamental para enfraquecimento dos cartéis sul-americanos, mas deixar que esses mesmos cartéis produzam a droga sem que haja uma política interna mais organizada e severa, é esperar que o Brasil deixe de ser caminho para se tornar definitivamente em principal consumidor. Corroboram esse posicionamento as próprias regras de mercado, presentes no mundo empresarial.

12 comentários:

Santa disse...

Vamos esperar por políticas afirmativas no próximo governo, porque este que está aqui é a personificação do crime.

Bjs

Luma Rosa disse...

O governo americano vai cercar o Brasil da maneira que pode pra tentar freiar as ligações entre os nossos vizinhos. Talvez pelo medo que o populismo se instale.
Tudo que foi noticiado sobre lavagem de dinheiro e tráfico já sabemos e sabemos também que no Brasil não há uma vigilância efetiva de aeroportos e fronteiras porque existem muitos políticos envolvidos com o tráfico internacional de drogas.

Fui lá ver o seu comentário do comentário que fiz. Você está certo! bom fim de semana! Beijus

Anônimo disse...

Oi Ozeas,

Fui conhecer seu blog baby, parabéns.

Pelo que conheço dos americanos, acho que eles não conhecem a america latina e não estão interessados no que fazemos, só sabem de si mesmos.
O Brasil deveria cuidar dos próprios problemas e deixar que os outros cuidem dos seus. O mundo infelizmente é cada um por si.

Alexandre, The Great disse...

Excelente artigo, professor!

Eu tenho uma monografia de minha autoria, de 1993, onde já havia detectado através da pesquisa o fenômeno que denominei "criminosos organizados itinerantes", uma contrapartida ao falacioso "crime organizado". CRIME é uma figura típica de antijuridicidade, logo não poderá jamais "organizar-se", quem se organizam são pessoas; assim, partindo dessa hipótese, desenvolvi o tema e as conclusões são ainda atualíssimas, conforme se vê em seu belo artigo.

Saudações TRICOLORES!

Anônimo disse...

Olá mestre Ozéas: Excelente artigo, minha posição é bem parecida com a da SANTA, a minha dúvida é se um dia ainda teremos política honesta e limpa no Brasil, para coibir a lavagem de dinheiro. :-) Bjs

Serjão disse...

Amigo: Li este post inteiro balançando a cabeça em sinal de afirmação e concordância. Acho que não precisa dizer mais nada. Este é o dilema. Acabar com a droga sem reprimir o consumo. Abraços

Anônimo disse...

Caro Ozeas,

A mamãe prefere ficar no anônimato e o filhinho também (por questões obvias) meus personagens são todos muito timidos, agora em São Paulo além de chover muito o povo ainda é meio irritadão como você pode perceber......

Abçs

Marcos
ww.gotasdefel.blig.ig.com.br

Anônimo disse...

Ozéas, falar mais o que depois de tão completa aula?
Eu concordo com a Luma, em parte. Se não houvesse figurões envolvidos com o tráfico, já teria sido, senão extinto, pelo menos controlado.
O que me deixou pasmada foi ver esse índice de investigação da lavagem de dinheiro. Apenas 2,5% das denúncias investigadas é um fato gravíssimo que indica claramente crime de omissão, não acha?

Beijos

Nat disse...

Ozéas,

- Nossas fronteiras... uma lástima!
- Combate ao crime organizado... luta de Davi contra Golias!
- Repressão ao consumo, via educação... inexistente!

O que mais dizer?

Grande abraço!

Walter Carrilho disse...

Sim, o Brasil é corredor de droga, sim...

Tem disco do Caetano sendo importado...Novela da Globo...Como a Cia pode deixar uma coisa dessas passar, meu Deus???

Anônimo disse...

ah...céus


beijo querido

Ricardo Rayol disse...

Num pa´si com mais de 90% dos casos de assassinatos resolvidos nas coxas não era de se esperar algo diferente