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"Por favor, leia devagar." (Ferreira Gullar)

07 fevereiro, 2009

O que está acontecendo com esse país? (II)

Hoje, por volta de 15 horas resolvi dar uma caminhada com meu feroz animal de estimação, um “fox paulistinha” (que agora ganhou nome de raça: Fox Brasileiro), passando pela calçada que escrevi no post anterior, pensava no que representavam aquelas pessoas ali paradas, oferecendo seus produtos em banquinhas toleradas pela muncipalidade.

Em certo momento olhei bem para uma das pessoas que administrava uma banca de óculos importados de “grifes famosas”. Num primeiro momento estranhei, achei que confundia as fisionomias, até porque o observado era um pouco mais magro e com aparência um pouco mais velha que a pessoa que eu confundia.

Segui em frente no passeio, mas na minha cabeça as pessoas eram as mesmas, tudo confirmado pelo olhar baixo que recebi no momento de meu caminho de retorno e passagem necessária pelo local, olhar de “quem faz de conta que não viu”, na verdade ele não queria ser visto ali por ninguém, nem por mim. Respeitei sua vontade, apesar de ter insistido com minha presença em ser notado, mas mesmo assim não quis me ver.

Vou chamá-lo de Moura, é o que interessa para o post. Moura quando conheci tinha uma boa agência de automóveis (multimarcas como agora chamam), dividia seu trabalho e lucros com outro colega, que mais tarde soube ter partido para o ramo de fabricar colchões, nunca mais ouvi falar sobre o fabricante de ortopédicos.

Apesar de não ser meu amigo, ficamos no campo de bons conhecidos, desde quando comprei meu primeiro carro com ele. Quis o destino por algumas vezes me fazer conhecê-lo um pouco mais e a sua família, inclusive, em certa ocasião, tive de passar em sua casa para lhe entregar um recibo de automóvel assinado que ele tinha vendido para mim, foi quando conheci sua esposa e filho.

Moura tinha um bom padrão econômico, além de sua agência, morava em uma casa em condomínio de classe média/alta, com tudo que uma boa casa de quatro quartos deve ter, além da área com piscina e churrasqueira. Sua esposa andava em carro próprio novo e o Moura usava quantos quisesse de seu estoque.

Passados alguns anos, novamente tive a oportunidade de ver o Moura, dessa vez cobrando o aluguel de uma boa loja de sua propriedade, locada a outra agência, não de carro mas de motocicletas, onde já tive oportunidade de fazer alguns negócios. Na ocasião Moura me ofereceu um cartão pessoal indicando que estaria trabalhando numa corretora de seguros, na condição de sócio.

A última vez que tinha encontrado com o Moura foi caminhando nas ruas de Icaraí, quando em companhia de sua mulher disse estar morando também no mesmo bairro, teria vendido sua boa casa sob a alegação de que precisava cortar alguns custos.

Agora novamente vejo o Moura, como narrei inicialmente não pude identificá-lo, mas quando consegui, quem não quis me ver foi ele. Sua condição de trabalho não lhe deixou confortável comigo, sua condição de camelô de óculos pirateados, não só não lhe faz bem financeiramente, como lhe envergonha ao ponto de não querer ser reconhecido como tal.

Fiquei triste pelo Moura, queria lhe apertar a mão e perguntar como vão as coisas, mas acho que o Moura não quer apertar a mão de ninguém por enquanto, e quanto a como vão as coisas, acho que ele já me disse tudo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Vender carros usados ainda é bom negócio mas pode ser que ele tenha se separado da mulher e a vida não está dando trégua, afinal vc disse que ele está mais magro!