Minhas opiniões e publicações, expostas neste espaço, são reflexões acadêmicas de um cidadão-eleitor, publicadas ao abrigo do direito constitucional da liberdade de expressão

"Por favor, leia devagar." (Ferreira Gullar)

11 outubro, 2008

Vivos

É grave a crise, disso ninguém mais tem dúvidas. Não sou economista ou especialista em mercado, quando muito um curioso das leis, atividade que me ensinou a busca a exegese, o espírito, a idéia central do pensamento do seu criador.

Através da interpretação das normas aprendi a olhar as nuvens, a olhar o tempo e ver que embora algumas tempestades possam durar mais que o desejado, um dia vai passar.

O país tem toda chance de sair da crise com um dos menores índices de baixas de todo o mundo, não por obra e graça e uma política econômica inteligente, ou por gestão responsável do seu mandatário maior, o operário-meu-patrão, mas por coincidência, sorte e uma política inicialmente proposta, de sacrifícios principalmente à classe média, que agora irá resultar em saldo positivo para a assistência que se fará necessário.

A verdade é que para nós a política de crise já existe há muito tempo, a questão é que até agora o mundo vivia na bonança, enquanto guardávamos, sabe Deus pra quem, como formigas que esperavam um inverno castigador.

Acasos da vida, fomos “previdentes” demais enquanto os outros cresciam e aproveitavam a fartura, agora ouvimos as cigarras chorando na nossa porta, puro acaso, até porque NINGUÉM tinha condição de prever que o inverno chegasse com tanto frio.

Herança ainda de Fernando Henrique Cardoso, a inflação está contida (
IPC-FGV de 5, 59% em um ano), portanto, com gordura para queimar, não fará irreversível estrago na nossa economia o crescimento de alguns poucos pontos percentuais relativos ao aumento de preços, diante da fúria dos vendavais financeiros internacionais.

Com
superávit primário até o mês de agosto de R$ R$ 108,4 bilhões no ano, o governo tem caixa para enfrentar oscilações bruscas de preço e despesas extras que surjam diante de dificuldades ainda ignoradas.

Nossos bancos obedecem a taxas de depósitos compulsórios altíssimos, figurando entre as maiores do mundo, política iniciada ainda na gestão de FHC, quando resolveu intervir no sistema financeiro, socorrendo bancos em dificuldade através do
PROER, a época tão criticado, mas que agora dá liquides e certa segurança aos ativos. (leia mais )

Isso para não falar que temos a terceira maior carga tributária do planeta, ou seja, o país também tem margem de corte nesses índices para fomentar o enfrentamento recessivo.
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E nossa taxa de juros, só para o consumo de pessoa física os índices de agosto eram de 135,27% ao ano. Enquanto o Federal Reserve - FED, anuncia corte de 0,5%, juntamente com o Banco Central Europeu - BCE, se o Brasil baixar em 30% suas taxas, ainda assim, estaremos além de qualquer taxa civilizada e operacionalmente melhores para enfrentar a recessão que se anuncia.

Por último, as reservas cambiais do país estão na ordem de
US$ 200 bilhões, dinheiro suficiente, se corretamente utilizado, para socorrer a economia como um todo e evitar especulações com a moeda, desde que não aplicado em programas eleitoreiros e populistas, ignorando a gravidade do momento.

Sairemos vivos, não ilesos, mas vivos. Algumas portas derrubadas pelos ventos, algumas casas destelhadas, mas no final, vivos. Repito, não por uma política consciente de uma crise que se aproximava, adotada nos últimos oito anos, mas boa parte por sorte, isso porque não deu tempo de ser queimado nosso estoque, nossas reservas, a crise chegou antes das eleições que acontecerão em dois anos.

5 comentários:

Anônimo disse...

Também fiz um texto mas não publiquei ainda mas tem o mesmo mote do seu.Apenas diferencia em que acho que tivemos uma longa história de luta contra um a economia que teimava em nos arrastar.O mérito de chegarmos onde chegamos é de muita gente e de muitos governos com seus economistas tentando sozinhos acharem o cminho das pedras e do povo brasileiro que nunca saiu para a baderna como fazem outros povos.Fizemos por onde mas tem gente que não acredita na folga.

Unknown disse...

Ave Ozeas!

Deus nos acuda porque nossa gordura não é tanta assim e o inverno promete ser longo...

Boa semana

Beijo

Gostei da imagem, triste...

Ricardo Rayol disse...

N verdade estamos saindo "ilesos" ppor que o FHC ajudou os bancos amigos lá atrás. Caso contrário estaríamos com sérios, mas muito sérios problemas.

tunico disse...

Ozeas, capitalismo é assim mesmo. De crise em crise, a economia vai crescendo pois entre as crises, as pessoas se viram, pois aprendem com os erros seus e dos outros. E principalmente porque têm liberdade de se virarem.

A crise americana era esperada um dia. Afinal, é o fim de um ciclo virtuoso para eles que durou 80 anos mas pode ser o começo de outro mais pé no chão. Pena que o mundo todo se apoiou neles e a crise se espalhou.

Nós aqui na Brazucalândia que vivemos de crise em crise faz muito tempo, aprendemos a nos virar melhor e porisso não sofreremos tanto. Ainda bem que a crise chegou antes das eleições. Assim o brasileiro desinformado poderá descobrir a farsa que é este governo pois será o primeiro a sentir no bolso, no emprego.

Há males que vêm para bem.

P.S.: Vai de Gabeira aí no Rio?

Luma Rosa disse...

Ozéas, tem certeza que você aprendeu tudo isso olhando as nuvens? É meu caro, não sei até quando vai essa crise e somente o tempo vai determinar se vamos ou não sentir. Sei que não passaremos ilesos, as exportações já estão diminuindo e as taxas crescentes. Dependemos do mercado externo, infelizmente! Boa semana! Beijus