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"Por favor, leia devagar." (Ferreira Gullar)

09 fevereiro, 2006

“o bicho tá pegando”

A casa do cineastas Zelito Viana foi assaltada nessa madrugada, além dos valores levados pelos assaltantes, incluindo dinheiro e jóias, foi levada também a paz e a tranqüilidade familiar daquela família. Leia Mais

Também estavam na casa a esposa e o filho do cineasta, o ator Marcos Palmeiras acompanhado por sua namorada. A propósito, os bandidos que permaneceram cerca de três horas na casa, fugiram no carro do de Marcos.

Quem não lembra bem do Marcos Palmeiras, deve pelo menos lembrar do papel de “pacifista” desempenhado por ele quando do referendo pelo fim do comercio de armas de fogo no ano passado. Ele um daqueles que juntavam as duas palmas da mãos viradas para dentro e entrelaçava os polegares numa forma de ave, ou com um pouco mais de imaginação, na forma de uma pomba e dizia, “basta, eu quero paz”.

Parece que os bandidos que assaltaram a casa de seu pai, e não é o primeiro assalto, sabem muito bem que naquela casa não há armas de fogo, e que não há quem pense em defender seu patrimônio ou a própria integridade física de seus moradores, afinal em rede nacional foi avisado em alto e bom som algo do tipo, “na minha casa confiamos na polícia, na minha casa não temos armas”.

Realmente não creio também que, se na casa do cineasta houvesse uma arma o desfecho do assalto fosse diferente, afinal para se ter uma arma, tem que haver alguém que saiba manuseá-la e esteja preparado emocionalmente para usá-la, não me parece ser esse o perfil da família assaltada.

Entretanto, o que mais me chama a tenção sobre o assalto são as palavras do ator Marcos Palmeiras ao sair da delegacia de polícia, que faço questão de reproduzir:

“Eles (os assaltantes) faziam aquele jogo de manter a gente na tensão. Tomei uma porrada na cara, meu pai também apanhou”.

“É revoltante a gente ver que se discute a violência sem nenhum projeto social de transformação. É tudo paliativo, invadir morro, trocar tiro e não é isso que resolve. A gente tem o hábito de esperar, de acreditar, de ter fé e esperança, mas está muito difícil”.

“A gente tem que fazer uma coisa. Espero que aproveitando esse ano de eleição todo mundo se preocupe com alguma possibilidade de transformação social. Não dá mais para acreditar em bla-blá-blá, porque não resolve e o bicho tá pegando”.

Pois é Marcos, bem vindo ao mundo dos mortais, nosso mundo, onde diariamente somos atacados por essas bestas-feras, que invadem nossa intimidade e nos roubam os sonhos comprados em carnês de numerosas prestações, que nos humilham perante nossos familiares e agridem mais nossas honras que nossos corpos com suas coronhadas. Bem vindo ao mundo real dos mortais comuns, alcançado através do muro saltado pelos marginais, que não mais respeitam os “limites” dos condomínios de luxo e suas guaritas de vigilância. Bem vindo a vida de verdade que não é a vida sonhada por você e por outros de seus colegas de profissão.

9 comentários:

Anônimo disse...

Caro Ozeas:

Você foi ao ponto, o grande mal da classe artistica em geral é a falta de senso de realidade, agora quando ele for dizer alguma coisa sobre qualquer assunto com certeza vai pensar duas ou três vezes, aquele velho ditado ainda vale : Pimenta no dos outros é refresco!!!

Abçs

Alice disse...

Agora ele acordou , né ? hummmm ...
Convido vc Ozéas , adar uma olhadinha " no meu novo cantinho :http://semeandopensamentos.blogspot.com/ " , l´gico que o " Alice vai continuar a todo vapor, o Semeando ,vai ser meu lado light :)
Bom dia e bjins .

Anônimo disse...

Mestre Ozéas...triste realidade que vivemos. ;-) Bjs

Ricardo Rayol disse...

Pagou por ser trouxa

Serjão disse...

O incrível é que nem tomando um cacete deste esses caras perdem o dicurso socialmente correto. Claro que os argumentos dele são válidos. Mas estamos num momento onde não há tempo para tratar da desnutrição de alguém que esteja morrendo de um ataque cardíaco. Claro que as açoes devem ser simultaneas. Mas vir com discurso "sou da paz" a esta altura do campeonato é dose. Um grande abraço.

O Fantasma de Bastiat disse...
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O Fantasma de Bastiat disse...

Certíssimo, Ozeas. O mais ridículo é ver como esses artistas estão "viciados" no discurso politicamente correto, repetindo a todo momento frases ocas e cripto-preconceituosas como esta: "É revoltante a gente ver que se discute a violência sem nenhum projeto social de transformação." O pensamento fascista por trás desta frase é: "temos de melhorar a vida dos pobres, senão eles virão nos assaltar". Ou seja, todo pobre é um bandido em potencial.
As transformações sociais são para a população pobre e HONESTA. Para os bandidos, o que funciona em qualquer lugar do mundo é polícia eficiente, judiciário honesto e "desideologizado" e cadeias seguras. O resto é enrolação de quem nada quer resolver.
Um abraço, amigão!

Ricardo Rayol disse...

EU, EU, EU O MARCOSPALMEIRA SE DEU MAL

Unknown disse...

Ozeas,

Eu sou e me orgulho de ser politicamente incorreta, eu não dependo da simpatia alheia para viver e nem faço questão de ser amada pela maioria, alías, creio que pessoas politicamente corretas são as que não tem personalidade para irem contra o vento. Os politicamente corretos não são os bonzinhos, são os covardes.

Desabafei...

Beijo