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"Por favor, leia devagar." (Ferreira Gullar)

17 setembro, 2008

E o nome é?

A Polícia Federal é notória pela criatividade nos nomes que escolhe para suas operações policiais, a marca registrada da atuação do órgão, notabiliza as diligências com nomes sugestivos como “Toque de Midas”, “Hurricane”, “Frutos do mar”, “Anaconda”, “Sathiagarra”, etc.,etc., etc....

Já qualificadas como “pirotécnicas” pelo próprio STF, os nomes das operações são escolhidos em referência aos objetivos traçados nas investigações, bem como surgem da comunhão com as pessoas que são investigadas. É a marca do DPF, uma assinatura que a mídia e a população já se acostumaram, pois transmitem a sensação de precisão e operacionalidade.

Pois bem, após a determinação da
prisão do Delegado-executivo, Romero Menezes, número "dois" na hierarquia do órgão policial, escolhido pessoalmente pelo número "um", delegado Luiz Fernando Corrêa, o DPF ficou bastante arranhado com a medida cautelar judicial. A coisa correu tão fora do esperado, que nem nome de batismo a operação de captura do delegado Romero recebeu.

Constrangimentos e saias justas a parte, afinal tudo que aconteceu pode acontecer com qualquer um (alto lá, comigo não!), afinal já é cotidiano um bloco no Jornal Nacional, dedicado a “polícia republicana” do operário-meu-patrão, só que dessa vez, quem tinha que estar dando declarações e explicações sobre o desempenho do órgão, estava do outro lado da mesa, ou melhor, do outro lado das grades.

O delegado Romero Menezes não foi filmado, fotografado ou algemado, certamente por força da decisão do Supremo, que reservou o constrangimento das argolas metálicas ou das imagens bombásticas aos que oferecerem resistência e/ou perigo aos seus detentores, ou não possuem porta dos fundos para sair.

A prisão do “02” mostrou que a Polícia Federal aprendeu rapidamente o significado do princípio da dignidade da pessoa humana, contido na Carta Magna, aprendeu na própria pele, através da “indignidade” que poderia ser cometida contra um de seus principais representantes e dirigentes, espera-se que desse marco em diante o padrão seja o mesmos para todos os mortais.

Como observado, a operação que deriva da inicial “Toque de Midas”, não tem nome próprio, do que se pode discordar, até porque o momento de sua execução é outro e os personagens também são novos, ainda que fosse a mesma, seria o caso de usar então o nome próprio da originária mais o indicativo “II”, entretanto, é provável que a alusão ao “dois” fosse mal interpretado ou levantasse suspeita a condição do principal preso.

Vários poderiam ser os nomes para essa rápida e cirúrgica ação, o inicial que surge no coletivo menos criativo é “navalha na carne”, mas já foi utilizada em outra ocasião e sem os contornos próprios da ora em comento.

Há outra sugestão. Observando a postura que o DPF sempre adotou na realização de suas diligências, a conduta por vezes até considerada mais incisiva que necessário, expositora além do permitido pela lei e até mesmo destruidora de imagens e reputações, sugerimos como batismo expressão comum a todos, muito popular por sinal, afinal, nada como “UM DIA ATRÁS DO OUTRO”



A propósito, o delegado já saiu da cadeia por determinação do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que apreciou um
habeas corpus impetrado por seu advogado, remédio tão combatido em sede policial, quando quem está preso são “os outros”. É verdade, “NADA COMO UM DIA ATRÁS DO OUTRO”.

2 comentários:

Unknown disse...

Ozeas, aí tem "coisa", aliás, tem "coisa" atrás de coisa, eu só me nego a concretizar minhas desconfianças dessas "coisas" pra não ver o que não adianta ser visto...
( não fumei nada)

Beijo

Anônimo disse...

O pessoa da PF se acha.Este é o resultado.