Minhas opiniões e publicações, expostas neste espaço, são reflexões acadêmicas de um cidadão-eleitor, publicadas ao abrigo do direito constitucional da liberdade de expressão

"Por favor, leia devagar." (Ferreira Gullar)

11 outubro, 2010

Declaração de voto

Ontem assisti ao debate na Band entre o Serra e a Dilma, confesso, acho que o país merecia muito mais que chegar a uma final plebiscitária, entre uma proposta neoliberal refundada e outra conservadora de esquerda.

Juro, olho para Dilma e vejo o próprio Chávez, com todas as suas teimosias e certezas que todos estão errados, menos ele é claro; também tenho no Serra a lembrança de personagens e práticas que possibilitaram que essa tropa de salteadores, mensaleiros e marqueteiros chegasse ao poder, FHC tem lá sua responsabilidade omissiva.

A discussão ideológica há muito deixou de existir, Dilma não pode “xingar” o Serra de neoliberal afinal, ela e seu ventríloquo custearam às expensas públicas o enriquecimento dos bancos e do capital parasitário internacional pelos últimos oito anos, numa fúria que deixaria qualquer Chicago Boy orgulhoso, ainda mais se soubesse que o palanque eleitoral foi construído com um discurso socialista.

Por outro lado, o Serra não assume defenestrar as promessas ou práticas da Dilma e seu ParTido, ontem mesmo no debate afirmou da necessidade estatizante dos Correios, CEF, Banco do Brasil, Petrobras, etc, etc, etc.; garantiu a continuidade das políticas públicas assistencialistas e sabe lá, sua própria expansão eleitoreira, no final, ficou parecendo tudo farinha do mesmo saco, ou como bem vociferou o candidato de Plínio de Arruda no primeiro turno, “Dilma, Serra, vocês são todos iguais”.

Concordo em parte com o vovô candidato (carinhosamente, por favor), quando em verdade repetiu com outras palavras a célebre frase “o rei está nu”.

A parte do Plínio que aceito como verdadeira é a que se refere a igualdade de propostas para soluções dos problemas, Dilma e Serra se oferecem como gestores, ou equipados com as melhores equipes para a gestão nacional, como se nossos problemas econômicos, educacionais, habitacionais, de segurança, de saúde, de emprego etc, estivesse apenas esperando pela contratação de um encarregado, com equipe própria para administra uma empresa.

Sob a ótica apresentada, portanto, nossa eleição está mais para a contratação de um novo zelador, que deve ter como qualidades, ser honesto, dedicado, austero, simpático e preferencialmente, dormir no prédio.

O que acho que o Plínio não viu, ou não quis dizer, está ligado a questão do projeto de poder, é ai que “a porca torce o rabo”. Na definição de quem pretende “o que” e “por quanto tempo”, pode estar o limite exato entre a possibilidade de alternância de poder e a conseqüente manutenção da democracia no país.

O ParTido da Dilma não parece ser muito confiável nesse ponto, as ameaças se tornam permanentes e cada vez mais comuns quando a questão envolve as liberdades individuais, quando por exemplo o governo acusa e busca regulamentar controle sob a imprensa que não faz a propaganda “chapa branca”; quando interfere diretamente usando de sua “tropa de choque” (Renan, Collor, Salgado) na defesa de seu protegido Senador Sarney; quando invadem sigilos bancários e fiscais, prática a propósito bastante comum nos dois mandados do Luis, etc, etc, etc.

Aqui a pontuação decisiva vai para o Serra, que pertence a um partido que mesmo depois de oito anos acostumados ao Palácio do Planalto, realizou uma transparente e colaboradora transição, a propósito, jamais realizada com tanta dignidade no país, como também, não houve registros durante o mesmo período, de qualquer intenção ou ameaça às instituições democráticas por parte do poder estabelecido.

A questão passa então pelas práticas no exercício do poder. Já tive oportunidade em outra ocasião quando escrevi, aos meus dois únicos e fieis leitores, de afirmar que a grande diferença entre o Serra e a Dilma está no fato, de caso o governo do primeiro não seja aprovado, em quatro anos se poderá escolher a segunda como opção, entretanto, caso não se aprove um eventual governo da Dilma, sempre ficará a dúvida se existirá essa mesma oportunidade de alternância.

O Serra não é meu candidato Ideal, não me representa integralmente, tão pouco acredito que possa realizar 50% de suas promessas, mas na conjuntura é o que tenho de mais capacitado é o melhor, sob todos os ângulos, especialmente o das liberdades democráticas.

As dúvidas que existiam em momentos iniciais, já foram afastadas, sei que tenho que “dar um passo atrás para conseguir dar dois em frente”, ou como uma vez entendi com o então líder Hércules Correia, durante a campanha derrotada de Miro Teixeira ao Governo do Estado (1982).

O problema residia na formação de uma frente popular pela redemocratização do país, em confronto de consciência com o populismo chaguista carioca, quando bradou então Hércules justificando o apoio ao Miro: “tem que enfiar a mão na merda, embaixo tem água limpa”.

4 comentários:

Alice disse...

Tbm sou sua fiél leitora rs :) , ando preguiçosa para comentar , mas leio td .Estou ensaiando a Alice para escrever .
Bjins

Unknown disse...

Perfeito Ozéas, é o que temos, não é perfeito, mas é menos perigoso.
Posso compartilhar? Já fiz...
Bjs

Anônimo disse...

Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Júnior

Em defesa da Vida

Pe. Paulo Ricardo convoca todos os cristãos e homens de boa vontade a lutar pela vida. Apoia e confirma as denúncias dos bispos da Regional Sul 1 contra o Partido dos Trabalhadores (PT) em sua tentativa de legalizar o aborto em nosso país.

Assista o vídeo:

http://padrepauloricardo.org/blog/em-defesa-da-vida/

Ana Lúcia Ricon disse...

Querido Mestre! Perfeita a sua descrição do nosso cenário! Infelizmente a oportunidade de escolha acaba reduzida a "isso" ou "aquilo", sendo então necessário escolher o menos pior.
Um grande beijo. Saudades.