Minhas opiniões e publicações, expostas neste espaço, são reflexões acadêmicas de um cidadão-eleitor, publicadas ao abrigo do direito constitucional da liberdade de expressão

"Por favor, leia devagar." (Ferreira Gullar)

11 dezembro, 2008

Direitos Humanos

Ontem, 10 de dezembro, se comemorou os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, algumas linhas foram pautadas nos noticiários para lembrar que em 1948 o homem passou a se ver como comunidade na terra, a Declaração é mais que um documento ético e de caráter humanitário, é um código mínimo exigível entre as nações para que se possa dizer que todos habitamos e fazemos parte de uma aldeia global.

A formação histórica do que passamos a chamar de direitos fundamentais, mostra que os valores humanos ligados a liberdade, a igualdade e a fraternidade, foram construídos pelos séculos, através de vitórias e derrotas do homem no embate natural e necessário contra o Estado e a tirania.

A Declaração Universal tornou-se um patrimônio da humanidade, não é estandarte ou postulados de um povo ou nação, é construção da espécie humana, devendo, portanto, ser preservada e defendida dos mal intencionados e dos tiranos de plantão. Nessa oportunidade lembro-me de um dito da maçonaria universal, “a inquisição não morreu, apenas dorme”.

Na construção desse legado que também ajudamos a construir, traço uma breve linha histórica, através da qual podemos melhor compreender a evolução dos Direitos Fundamentais. A doutrina constitucionalista classifica tais Direitos em quatro gerações ou dimensões:

Direitos de primeira geração ou dimensão – são os relacionados às liberdades básicas, aquelas próprias das manifestações civis (vida, segurança propriedade etc.) e políticas (manifestação, votar, ser votado etc.). Surgem institucionalmente a partir da
Magna Carta em 1215, assinada pelo rei “João Sem Terra”, consagrados em 1679 através do Habeas Corpus Act em 1679, posteriormente revigorados pelo Bill of Rigths of_1689 e definitivamente constitucionalizados através das Leis Maiores americana (1776) e francesa (1789). A palavra chave na identificação desses direitos é liberdade.

Direitos de segunda geração ou dimensão – inspirados e impulsionados pela Revolução Industrial européia, a partir do século XIX, que geravam péssimas condições sociais e de trabalho, que fizeram surgir movimentos como o
Cartismo na Inglaterra, a Comuna de Paris e já no século XX a própria Revolução Russa, exigiam novos parâmetros nas relações homem/Estado, homem/capital, capital/Estado e homem/capital. Os direitos que emergiram desse confronto preconizavam normas de salários, aposentadoria, previdência, assistência jurídica, acesso a cultura etc. Esses direitos ficam evidenciados na Constituição Mexicana de 1917, na Alemanha pela Constituição de Weimar em 1919, e pelo Tratado de Versalhes também em 1919. A palavra chave nesse contexto é igualdade.

Direitos de terceira geração ou dimensão – são direitos marcados pela alteração da sociedade posterior a segunda guerra, marcam as mudanças na comunidade internacional, estão relacionados ao preservacionismo ambiental, a paz, as comunicações, ao desenvolvimento, a proteção do consumidor etc. Essa nova geração de direitos passa a ver o ser humano inserido em uma coletividade, não por acaso, é nessa dimensão e estágio da sociedade mundial que é criada a Organização das Nações Unidas –
ONU em 1945, onde foi proclamada em 10 de dezembro de 1948 a Declaração Universal dos Direitos Humanos. As mais modernas Constituições, inclusive a nossa, foram construídas sobre esses postulados. A palavra chave dessa terceira geração é fraternidade.

Direitos de quarta geração ou dimensão – a doutrina constitucionalista relaciona essa quarta etapa garantista como a dimensão dos direitos relacionados as minorias, do avanço da informática, da biociência, da engenharia genética, da fecundação in vitro e todos aqueles que surjam dessas transformações. Ainda não há uma palavra chave para caracterizar essa realidade, a história melhor dirá.

Um comentário:

Alice disse...

Ozéas :)
Parabéns então para os Direitos Humanos .
Que cada vez mais, possa sair do papel e ser respeitado no dia a dia .
Bjins