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"Por favor, leia devagar." (Ferreira Gullar)

09 agosto, 2012

A fábrica de palitos


I - palitos

Era uma vez, uma fábrica de palitos de dentes, que durante décadas produzia todos os palitos de certa localidade.

Um dia os operários, inconformados com seus salários e condições de trabalho, resolveram parar a produção, reivindicando melhorias de suas condições.

Por mais de seis meses ficaram parados, alguns inclusive arrumaram outras atividades para sustento de suas casas. Durante esse tempo nenhuma pessoa reclamou da falta de palitos, na verdade, a grande maioria, sequer sabia quem os fabricava.

Ocorre que, passados os seis meses, os palitos foram acabando; assim, os restaurantes tiveram que substituí-los por fios e fitas dentais, com repasse da diferença de preço aos seus clientes; as donas de casa, não conseguindo mais espetar seus bifinhos enrolados de panela, passaram a amarravam seus quitutes; as aulas de arte nas escolas primárias tiveram que mudar os trabalhinhos das crianças; cada qual, em suas pequenas necessidades foi se adequando a nova realidade, a falta de palitos de dentes.

Mas uma coisa por final ficou constatada, ninguém precisava de palitos de dentes, de forma tão essencial, que não pudesse prosseguir em suas vidas sem uma alternativa ou mera supressão.

Seis meses depois de iniciada a greve, os operários voltaram a trabalhar, pelos mesmos salários e em iguais condições, agravado pelo fato que ninguém mais sentia necessidade dos seus palitos.

II - água

Ao mesmo tempo, nesse mesmo local, havia uma estação de tratamento de água, que da mesma forma, seus trabalhadores, “inconformados com seus salários e condições de trabalho, resolveram parar a produção, reivindicando melhorias em suas condições”.

Passados já os primeiros três dias, os estoques de água foram se esgotando; hospitais, empresas e até o simples banho diário estavam comprometidos, a tal ponto, que sob pressão dos membros da comunidade, imediatamente os responsáveis pela estação de tratamento resolveram conversar com os trabalhadores, para juntos chegaram a determinados consensos, o que possibilitou o retorno do trabalho de todos em menos de uma semana.

Embora não fosse a condição ideal para todos, entretanto, os resultados alcançados nas negociações atendiam aos interesses dos donos da estação de tratamento e dos seus trabalhadores; por sua vez, a população com os serviços normalizados deram-se por completamente satisfeitos.

III - fim

E assim acabou-se a estória.


Moral da estória

A importância que você tem muitas vezes só é percebida durante a sua falta; de vez em quando você deve lembrar o quanto é essencial  para a sociedade.

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