Devo ter sido uma das primeiras
pessoas a elogiar a campanha do Flávio Serafini, fiz isso publicamente, durante
todo o processo, e imediatamente ao término das apurações, na própria rede
social do Faceboock. Ainda que partidário da candidatura pedetista do Felipe Peixoto, reconheço, falei e agora confirmo, Flávio pautou-se no primeiro turno
eleitoral da cidade de Niterói/RJ em proposta concretas, ainda que muitas
vezes, em minha opinião, inexequíveis mas com o devido espirito democrático,
ouvimos, avaliamos e respeitamos; outra característica da campanha do Flávio
foi sua retidão de comportamento, pelo que pude acompanhar, o então candidato a
prefeito agiu de maneira ética e concentrou seus esforços na divulgação de sua
plataforma. Enfim, Flávio foi o que esperávamos de um candidato durante a
eleição: um agente político, partidário, divulgador de compromissos, assumidos publicamente
à sua realização.
Passado o primeiro turno, Niterói
se vê diante da obrigação constitucional de alcançar maioria dos votos validos
entre os dois primeiro colocados, no caso, Rodrigo Neves (PT) e Felipe Peixoto
(PDT), ambos estarão no dia 28 de outubro cumprindo essa proposta, de buscar a
máxima representação entre os cidadãos, a guisa da maior legitimidade possível,
conforme as regras vigentes.
Logo que foi encerrada a
apuração, imediatamente, se verificou que o terceiro colocado no pleito, Flávio
Serafini (18,40%) e o quarto colocado, Sérgio Zveiter (8,80%), se tornaram com seus percentuais, peças
fundamentais e estratégicas à maioria que se pretende obter na próxima
etapa.
Como esperado, a adesão de Sérgio
Zveiter ao candidato do Partido dos Trabalhadores - PT, Rodrigo Neves, foi
instantânea; afinidades, compromissos e mesmo participação em grossas fatias do
poder estadual e federal, aproximou o que naturalmente já se confunde na
prática, Rodrigo e Zveiter, embora não sejam iguais, são muito semelhantes e
possuem os mesmos aliados em outras empreitadas .
Por sua vez, Felipe Peixoto,
ligado ao atual prefeito Jorge Roberto Silveira através de sua sigla
partidária, o Partido Democrático Trabalhista – PDT, buscou o flerte político
com Flávio Serafini, não tanto pelas mesmas razões da dobradinha Rodrigo/Zveiter,
porém, pelo compromisso de renovação e transparência administrativa, através de
uma gestão social-democrática, que se confirmada a aproximação ao PSOL, mais
estreitaria os vínculos e compromissos sociais e evolucionistas da sociedade
niteroiense.
Todavia, acompanhando o
noticiário, verifico que Flávio Serafini, ou o PSOL, esse detalhe não faz
diferença, nega as flores de aproximação do Felipe-PDT, típicas de um namoro,
que poderia selar uma aliança socialmente comprometida com a melhoria das
condições de vida dos cidadãos de Niterói.
Ao que parece, assim leio no
noticiário, Flávio não quer a aproximação, para ele todos são iguais, nada diferencia Felipe de Rodrigo, chegando ao ponto de inicialmente pregar o voto
nulo no segundo turno, recuando, porém, diante da radical e evidente estreiteza
de sua posição, passando para o discurso da “liberação” de seus eleitores, algo como
se lavasse as mão do processo político que virá.
Um tanto quanto arrogante a
postura do PSOL, ou do Flávio, pouco importa, que faz ares de última bolacha do
pacote (palavras de minha filha), ou do cara mais bonitão da cidade, cujo às
meninas só restam duas opções diante de uma solteirice inevitável: “ou eu ou
ninguém”.
Política se faz com avanços, ora
mais rápidos e profundos, ora mais rasos e lentos, porém, jamais se pode
conspirar ou aceitar recuos. Ao optar pela “neutralidade”, Flávio-PSOL abandona
seus 18,40% de eleitores a sorte do “Deus dará”, ou seja, com ou sem a
participação do Flávio-PSOL, haverá um prefeito eleito após 28 de outubro, isso
é certo, todavia, visando não se “contaminar”, o ex-candidato usa do discurso
da equivalência dos remanescentes como se eles fossem iguais.
Querido Flávio, diz a sabedoria,
que nem os dedos das nossas mãos são iguais, da mesma forma, incluo gêmeos
univitelinos, ou qualquer objeto, ainda que produzidos numa mesma prensa ou
fundição. Se todas as coisas no mundo possuem a essência da unidade,
principalmente, assim são as pessoas.
Retirar essa característica, a
unidade, é desprezar o que torna cada coisa especial, é considerar toda farinha
de um mesmo saco como igual, ainda que nesse mesmo caso, cada grão tenha sua
microscópica identidade.
Entre o branco e o preto, há uma infinidade de tons de
cinza; Felipe não é Rodrigo, Rodrigo não é Felipe, disso nenhum de nós tem dúvida, ainda que, oportunisticamente, se
possa usar desse chavão.
A omissão do PSOL terá um preço a
pagar, cuja fatura será debitada não ao partido, mas à população; a estratégia lógica-instumental
de se eximir a escolher quem apoiar no segundo turno em Niterói, visando
unicamente garantir a imagem de “integridade” partidária é muito cara e dolorida,
principalmente para os mais necessitados e combalidos.
A mim, mais me parece, que é a
mensagem transmitida é algo como: “bem feito pra vocês, que não escolheram o
melhor”; o “danem-se” político não é justo com o povo, seja Felipe ou Rodrigo,
o Flávio-PSOL tem o compromisso público de indicar um dos dois, o
candidato-partido não se representa mais sozinho, é detentor de 18,40% da
população eleitoral, sua aparente neutralidade é mais comprometedora do que
possa parecer.
Coragem Flávio, assuma a responsabilidade
que seus eleitores depositaram em você; coragem PSOL, não tenha vergonha de
ultrapassar a capa turva que cobre a água, por baixo dela pode fluir água limpa
e cristalina, que vocês podem estar ajudando a resgatar.
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