Pegando
carona nos XVII Jogos
Pan-Americanos, realizados no mês julho em
Toronto, Canadá, acho que podemos fazer uma boa reflexão sobre as importância
desse tipo de acontecimento para um país, especialmente, quanto ao que fica para
a sociedade como legado do evento.
Inobstante a visibilidade internacional durante as competições,
forjada ao custo de US$ 2,5 bilhões – edição mais cara dos jogos Pan-Americanos
–, é certo que esse investimento ainda representará para o país ganhos futuros
no turismo, na indústria e no comércio internacional, assim como um legado, aquilo
que foi deixado no final da festa para que sua população usufrua além dos
quinze dias do torneio olímpico.
Especialmente, um exemplo dessa herança esportiva me chamou a
atenção ainda durante as competições, foi o caso do estádio onde foram
realizadas as provas de atletismo. Tendo que construir acomodações para abrigar
essas modalidades, os canadenses optaram por reformar e ampliar as instalações
da Universidade de York.
De igual maneira, construíram um centro aquático para as
competições de natação, saltos ornamentais e nado sincronizado, desta feita a
instituição de ensino superior contemplada foi a Universidade de Toronto
Scarborough – campus satélite da Universidade de Toronto.
Os canadense mostraram que é possível otimizar as despesas dos
jogos através de um legado social de fato, deixando como patrimônio para
aquelas universidades as instalações construídas com dinheiro público. O
exemplo sugerido afirma que com criatividade e boa vontade, o pós-jogos pode
significar muito mais que ganhos auferidos com as sempre suspeitas
privatizações de fim de função.
Em tempos de vacas magras – e bota magras nisso! –, enquanto a
Autoridade Pública Olímpica – Rio 2016 – anuncia gastos na ordem de R$ 38 bilhões
como custo total dos jogos, o governo estadual está cortando R$ 550 milhões da
educação, assim como a administração federal tesoura R$ 1 bilhão na mesma
rubrica, fico pensando por que no momento oportuno não seguimos o modelo
canadense, ampliando, reformando e construindo nossas sedes olímpicas nas
universidades do Rio de Janeiro.
Os jogos de Toronto – Pan e Parapan –, receberam aproximados
7.000 atletas de 41 nações, portanto, foram construídas instalações de moradia
para todos. Ora, que herança bendita seria que após a devolução das chaves de
moradia dos 10.500 atletas olímpicos e 4.350 paralímpicos visitantes no Rio de
Janeiro em 2016, pelo menos parte da vila olímpica fosse destinada como residência
estudantil, este, um simples exemplo de tudo que seria possível fazer.
Crio este exemplo – mas poderiam ser outros, muitos outros –,
porque em penúria as universidades públicas no Rio de Janeiro mal têm dinheiro
para pagar suas despesas correntes, falta para luz, gasolina ou papel
higiênico, as manifestações das suas comunidades acadêmicas há muito deixaram
de ser precipuamente por melhores salários, hoje lutam para continuar
funcionando com mínimas condições, investimentos em obras de reforma, ampliação
ou construção quando muito só em caráter emergencial, fora disso é coisa
impensável.
Enquanto isso, o que se vê é o soerguimento de uma cidade
olímpica na capital fluminense, bela, moderna e suntuosa, porém,
inconsequentemente esbanjadora para os padrões de carência que temos. Mais uma
vez perdemos a oportunidade de com uma só despesa fazer as Olimpíadas e usufruir
ao máximo o legado dos jogos – assim como no Pan 2007 e na Copa 2014.
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