“Em depoimento prestado à Polícia Federal no dia 21
de novembro de 2014, o ex-gerente-executivo de Serviços da Petrobras Pedro
Barusco diz ter recebido propinas em troca da aprovação de contratos desde 1997
ou 1998. Ou seja, ainda durante o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). O
depoimento prestado sob o acordo de delação premiada tornou-se público
nesta quinta-feira 5.” (Carta Capital, por
Fabio Serapião, de Curitiba, e Marcelo Pellegrini — publicado 05/02/2015 16:42,
última modificação 05/02/2015 17:47)
Chama a atenção como a matéria da Carta, veículo
jornalístico alinhado ao Planalto aborda o tema da corrupção na Petrobras;
enfrentando o maior escândalo de corrupção na historia do país, sempre de modo
amigável às ponderações governistas, a revista revela nas entrelinhas os mesmos
argumentos justificadores que imperaram durante o “Mensalão”: “sempre foi
assim!”
Isso eu sei, você sabe, ninguém nunca duvidou,
os escândalos da Colônia à República, passando pelo Império estão nos livros,
para quem quiser pesquisar e saborear histórias de safadezas com o dinheiro
público, porém, acho temerária essa ética dos “todos fazem”, afinal, se “todos
podem”, “vou fazer também”. A questão é se “todos fizerem” ou “continuarem
fazendo”, o que vai resultar é um comportamento autoreferencial negativo, ou
seja, estaremos inviabilizando de vez qualquer modelo de sociedade, no caso, prevalecendo
a ética do inferno, não deverá sobrar nada, sequer para ser roubado pelo
próprio cramulhão.
Concordando com a militância do partido e com
a revista num ponto, sem dúvida que não, o PT não inventou a corrupção, todavia,
após tudo que já se descobriu no passado e o que se revela no presente, pelo
menos é certo que os agentes de governo petistas aprimoraram os métodos e alargaram
o tamanho do ralo por onde escorre a propina. Observo, esses argumentos são
objetivos, levam em conta valores apurados e divulgados pela imprensa, MP e Justiça.
Qualquer que seja o encaminhamento defensista
no sentido de apontar os crimes alheios para justificar os próprios, no caso do
PT se torna agravante, até porque é oportuno lembrar, foi sob a bandeira da
moralidade pública que um dia boa parte das esperanças da sociedade foram
depositadas no então partido de oposição que pretendia novas práticas, todavia,
tão logo chegou ao poder conferiu grau de sofisticação nunca antes visto na “maracutaia”
instaurada.
Moralmente, governistas e aliados de
imprensa, se embolam nas próprias pernas quando buscam justificar práticas
atuais com outras passadas, por indefensáveis se descredenciam cada vez mais; como
as manifestações não são claras quanto a reprovabilidade dos atos, mas
justificativa dos próprios comportamentos, tudo no final só serve, quando muito,
para mostrar que são todos farinha do mesmo saco, destarte, não enxergam que a
falta de moral de um não dirime a imoralidade do outro, o sujo falando do mal
lavado não faz nenhum deles menos imundo.
Talvez os militantes mais fiéis tenham
esquecido, porém, quando agentes do partido ainda não tinham tomado de assalto
os cofres públicos, suas lideranças defendiam severas investigações, julgamentos
e punições para corruptos e corruptores, tanto de natureza penal, como administrativa
e política, sanções que hoje são consideradas artimanhas e práticas golpistas quando
exigidas pela sociedade – aqui pra nós, será que algum petista acredita mesmo
nessa ladainha, diante e tantos fatos, delações, confissões e mesmo milhões de
dólares devolvidos em acordos criminais-judiciais!
Ingenuidades à parte, a corrupção por certo
vem desde antes e inclusive durante o governo de FHC, sequer se pode duvidar de
desvios ou contratos vendidos na Petrobras desde sua fundação, a corrupção é
endêmica no estado brasileiro, fatos inclusive que bem serviram de munição eleitoral
para condução do Lula ao primeiro mandato de presidente, porém, por cumplicidade
ou conveniência, desde então nunca foram apurados em necessária profundidade
para derradeira punição daqueles infratores, assim sendo, hoje o PT reclamam da própria conivência ou
incompetência.
Por fim, a noticia apresentada pela Carta
Capital, assim como as últimas manifestações de Lula na reunião de hoje do
Diretório Nacional do PT, da forma que trazem a público a delação do ex-gerente da
Petrobras, tem um único propósito, descredenciar os opositores do governo de
forma a retirar a legitimidade das imputações feitas aos agentes envolvidos em práticas criminosa, entretanto, lamentavelmente não
demonstram ênfase em pretender que as denúncias sejam minimamente esclarecidas e que as
sanções correspondentes sejam aplicadas aos causadores, ademais, incorre em
profundo equívoco a Carta (Lula também), quando coloca no mesmo cesto partidos
de oposição e cidadãos, titulares de direitos republicanos que cobram
explicações e providências, afinal, nem todos no país são a favor da ética da
maracutaia.
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